quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Quintalive: Magna Carta - In Concert, 1971

Alright, alright, pessoal, cumpre informar, em boletim extra-Ordinário, que as instalações da Radio Yer quase foram soterradas na última semana por cartas, requisições telefônicas e e-mails-súplicas para que fosse transmitido algum concerto de rock progressivo.... Pato Quack, porteiro/recepcionista/comprador oficial de pastel da rádio, fica ciente do teor das correspondências e ameaça demitir-se, beijando sua camiseta surrada dos Ramones, indignado. Mas, como todos sabem, vive-se num mundo capitalista e, sem a menor idéia do que fazer, tamanho o estupefato, num arroubo de esquerda festiva, decide-se marcar uma reunião pra discutir-se o assunto... Opa! grita Big Boi, único DJ da rádio, eu não vou a porra de reunião nenhuma se não tiver cream craker e jujuba azedinha na parada... Eu confesso, tive vontade de mandar o cara à merda, mas todo capo tem de transigir uma hora ou outra... e demitir o único DJ da rádio não é lá a melhor das idéias... então, assinei os papéis e despachei Quack para providenciar os cream crakers, as jujubas azedinhas, o requeijão e o patê de salsicha defumada na Joana (este último, exigência minha, afinal o chefe pode se permitir alguns luxos)... cinco horas depois, chegadas as provisões, a cúpula da direção reuniu-se por 7 horas consecutivas pra decidir sobre a questão: pode uma rádio rock ceder ao apelo prog sem comprometer sua isenção e idoneidade? No exaustivo meeting não chegou-se a uma conclusão satisfatória sequer, a não ser quanto às provisões, que foram consumidas até o último farelo de Tostines... Big Boi, já de saco cheio daquele blábláblá interminável, bate na pança e sugere com ar salomônico: pera lá, pessoal, se a gente não sabe escrever sessenta, emenda trinta com trinta e tá tudo certo, certo? A gente não precisa postar progressivo “progressiiiiiivo”, tipo vocês sabem quem... a gente transmite material de Bandas que vez por outra caíram no gosto dos progheads e pronto!.... como ninguém tinha solução ou sugestão melhor, passou-se a especular quais Bandas entrariam nessa categorização... Jethro Tull, Jethro Tull!!!, gritou com insistência irritante Pablito, o Predador, o cara da xerox; Strawbs, sugeriu Christine Sixteen, minha secretária e consigliere... Fairport Convention, sacou Big Boi... Jethro Tull, Jethro Tull!!!, Pablito fala novamente (sem saber que assim fazendo, selava qualquer possibilidade de ser aceita a sua sugestão)... mas me veio à mente uns caras mandando ver numas violas e hamonizações sensacionais, que eu escutava muito na época do paz & amor, bicho... Já sei, America, vaticinou Christine.... Não floyd, porra, sou mongol, mas America não é prog nem aqui nem na corte do rei escarlate, Chris.... Já sei, Magna Carta, sacou Tiussi Dino Sour, o programador... Yes! Isso aí, Dino, Magna Carta! Tá decidido, pessoal, o Magna Carta vai ser a primeira Banda com algum vínculo ao progressivo a ter a sua apresentação veiculada na Radio Yer... huahuahuahuahuahuahua.... pessoal, não me queiram mal, eu adoro tirar onda com os progheads, simplesmente pelo fato de que eles levam muuuito a sério qualquer tiração de onda envolvendo o gênero que apreciam... sem sacanagem agora, essa apresentação é daquelas que basta dar o play e você é como que sugado pra dentro do Concertgebouw de Amsterdam, onde naquele 4 de novembro de 1971, a Banda gravaria o histórico In Concert, brindando os ouvintes com um dos concertos mais belos e intimistas de toda a história do Rock (tão intimista e bem gravado, aliás, que você ouve até o ploc-ploc dos tamancos meu querido português da apresentadora entrando no palco, pra fazer a intro naquele idioma muito pirado lá dos países baixos)... Não poderia rolar momento melhor pra Banda gravar um disco ao vivo. Eles vinham de uma sequência sensacional no estúdio, Seasons e Songs From Wasties Orchard, trabalhos que carregavam uma sonoridade folk/piração hiponga/sunshine pop indecisa e maravilhosa (e, não à toa, os melhores de sua discografia até hoje)... Então, esse In Concert é um instantâneo daquele brevíssimo - e imortal! - momento de glória do Magna Carta, com a melhor formação ever da Banda, ou seja, com Chris Simpson nas guitarras e vocais; Glen Stuart nos vocais; e o monstruoso Davey Johnstone fazendo o diabo nas guitarras, banjos, mandolins, cítaras e outras cordas que pintassem no momento (poquito antes do sujeito se mandar pra banda do Capitão FANTÁstico). Pouco depois, os caras entrariam numas de se levar a sério e injetariam mudanças na sonoridade, fato que alijaria grande parte da audiência fiel e levaria a um rodízio sem fim de músicos no line-up original da Banda. Eles ainda lançariam algumas coisas bem legais, mas o legado da Banda, aquele trabalho pelo qual eles tiveram seus nomes gravados na história, está bem aqui, nessa performance memorável, sem dúvida um dos melhores discos ao vivo de todos os tempos... Ei, não precisa exagerar, chefe, você já convenceu os caras do blog, pô!, grita de lá Big Boi... É, daqui a pouco o chefe vai querer que a gente ponha “aquela vaca” pra mugir na rádio, huahua, sacaneou Pato... Cala a boca, Quack, vai comprar mais jujuba pra gente, vai, essas violas me deram uma larica duca, porra, disse eu... Big Boi entrega os pontos, tá bom, pega o bolachão aí chefe, dá ele cá, vai... no ar em cinco, quatro, três, 2, 1...



Em tempo, este rip é o re-up do original, que foi postado há uns dois, três anos no saudoso xxxrockrula.blogspot.com, blog que infelizmente se tornou privado. TANX for this gem, mate.

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