
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Yerblues Covers, Vol. 12 (Early '60s Scene)

quinta-feira, 18 de março de 2010
Yerblues Covers, vol. 11 (Beatlemania II, 1962-1965)

Novembro de 1963 começou como outro mês qualquer para mim. Muito trabalho, toneladas de estresse, grana pouca.
Era uma correria. E por falar em speed, Kat andava a mil, a cada dia alcançando novos níveis de exigência e stress. O cara voava baixo nos mikes, falando cada vez mais histericamente, sobre cada vez menos coisas interessantes.

- Huahua, esses caras da Newsweek simplesmente não conseguem enxergar um palmo diante do nariz. O gênero já existe há quase dez anos e eles ainda não entenderam que o rock é estridente, rude, barulhento acima de qualquer sentido e estupidamente repetitivo... Bom, esses 'besouros' estão saindo na Time, e isso é alguma coisa, mas ainda assim acho que eles não vão estourar por aqui. Do que adianta eles terem grandes singles? Os chefões locais não estão nem aí pra eles... Se nem a Capitol, que é da EMI, se interessou em lançar os caras por aqui...
Kendrik então contou as peripécias que a equipe da banda tinha de fazer pra colocar os rapazes no palco, e as mil e uma estratégias que tinha de bolar para tirá-los de lá após os shows, os quais estavam sempre apinhados de jovens como que alucinadas por alguma espécie de hipnotismo coletivo, gritando, desmaiando, correndo em manadas atrás dos Beatles.
Depois, Kendrik retomou sua narração, enquanto a reportagem mostrava cenas de outros shows da banda e de imagens entrecortadas de centenas de jovens em lojas de discos comprando produtos dos Beatles:
"(...) Os Beatles, que começaram suas apresentações em clubes nas docas de Liverpool, estão agora faturando em média cinco mil libras por semana, em shows itinerantes por todo o Reino Unido. Eles já venderam algo na casa dos dois milhões e meio de discos. Eles lideram todas as paradas na Inglaterra desde o início deste ano. Eles inspiraram a moda do corte sheepdog. Os jovens os idolatram. Os pais destes mesmos jovens os detestam. Mas os sociólogos britânicos dizem que os Beatles tem um significado muito maior que o de simples objetos de adoração adolescente. Eles seriam a autêntica voz do proletariado. Eles seriam o autêntico coração dos jovens britânicos revoltados contra o culto americano a cantores pop, como Elvis e sua longa lista de imitadores britânicos. Eles seriam os autênticos anti-heróis do século vinte, fazendo e cantando uma não-música, usando não-cortes de cabelo, e dando respostas não-respostas a seus entrevistadores. Enquanto isso, yeah, yeah, yeah, as fãs continuam aumentando e o dinheiro continua entrando, aos borbotões, em seus bolsos. Eu sou Alexander Kendrik, direto da Beatlelândia..."
Kat não se continha de excitação:
- Wow, sensacional, você viu isso, Mitch??? Eu sabia, meu faro não me enganou sobre esses caras... corre lá no depósito e pega os 45 deles que, agora, acho que o bicho vai pegar...
- O que houve, Kat???
Ele não conseguiu falar nada e só apontou pra TV, que estava muda, com o logo CBS News Bulletin estampando a tela. Assim que fixei a vista no aparelho, como num passe de mágica, apareceu o Walter Cronkite e disse:

***
- Ânimo, pessoal, este país nunca precisou tanto de algo pra levantar a moral, e nós vamos fazer isso!
Num daqueles dias eu estava folheando a New York Times Magazine a esmo e vi uma reportagem de três páginas entitulada “Ingleses sucumbem à Beatlemania”. Era a primeira matéria séria que eu lia sobre os Beatles numa revista americana. Mas eu andava tão taciturno naqueles dias que nem me dei ao trabalho de comentar a matéria com o Kat. Além do mais, ele iria pra Miami, em férias, naquele princípio de dezembro. Eu ficaria de stand-by, auxiliando o sujeito que o substituiria, um cara já entrado nos seus 50’s, chamado Jimmie Dulles, um jazzmaníaco, sem nenhum feeling pela música pop. Oh, man, eu precisaria de um tremendo presente de natal pra ficar minimamente animado.
E o presente de natal chegou naquele 10 de dezembro. Eu assistia ao CBS Evening News, pouco antes do Swingin’ Evening ir ao ar, quando Walter Cronkite, a voz da nação, chamou a matéria "A nova febre que vem da Inglaterra: a Beatlemania". A reportagem era exatamente igual àquela exibida no fatídico 22 de novembro passado, mas o endosso do Cronkite aos Beatles dava uma nova dimensão ao assunto na América.
Percebi isso na hora em que assistia e corri ao depósito, recolhendo novamente os singles dos britânicos, deixando à disposição do Dulles. Conforme eu previra, o aval do Cronkite aos Beatles em seu programa, faria milagres. Minutos depois de terminado o noticiário, começaram a tocar os telefones da KRNY, todos de jovens pedindo que a rádio tocasse alguma música dos Beatles. Dulles colocou She Loves You e imediatamente a audiência respondeu com mais telefonemas pedindo mais canções daqueles britânicos.
No dia seguinte, os Beatles eram o assunto nas ruas. Os adultos ridicularizavam aqueles cabeludos yeah, yeah, yeah que tinham aparecido no Cronkite. Mas os jovens, especialmente as jovens, continuavam telefonando cada vez mais pra KRNY, pedindo músicas dos perucas, apelido pelo qual passamos a chamar os Beatles.
Na noite daquele mesmo 11 de dezembro, chegando em casa, topei com Beth Reeves, minha vizinha do 404 que também chegava àquela hora, ela era a minha fonte no aeroporto Idlewild, e fazia a rota NY-Londres regularmente. Fora ela quem me arrumara um monte de revistas e jornais da Inglaterra no mês passado. Perguntei:
- Beth, você deve conhecer os Beatles. Você não saberia se eles lançaram algum novo single lá pela Inglaterra, não é?
- Mitch, mesmo eu que não sou adepta a estes modismos tenho de dizer, esses Beatles são sensacionais. Em Londres só se ouve uma canção chamada I Want To Hold Your Hand. Acho que é o último lançamento deles.
- Você traria esse single pra mim, por favor? Pago bem pelo material.
- Sem problemas. Mas só voltarei de Londres na semana que vem. Dá pra esperar?
- Não tenho opção.
Três ou quatro dias depois, saiu na Billboard que a Capitol tinha adquirido os direitos para todos os futuros lançamentos dos Beatles nos Estados Unidos. O primeiro disco a ser lançado pelo selo seria o single I Want To Hold Your Hand, previsto para chegar às lojas em 14 ou 15 de janeiro de 1964. Opa, Capitol, os chefões da distribuição nos USA, pensei.
Aquela nota teve o efeito de uma bala zunindo em minhas orelhas.. Man, it’s all happening... Eu tinha de falar sobre aquilo tudo com o Kat. A intuição dele sobre esses caras estava certa. Descolei o telefone de onde ele estava em Miami:
- Kat, meu velho, onde anda você? Não tem visto televisão esses dias?
- Pombas, estou de férias e você me liga pra fazer uma pergunta cretina dessas?
- Não é isso, cara. Você não tá entendendo. São os Beatles! Eles estão vindo pra América!
- Ah, tá bom, lá vem você falando nesses ‘besouros’ de novo. Faz o seguinte, arrume um dedetizador!
- Kat, não é hora pra piada. A Capitol assinou com os caras e eles vão se apresentar no Ed Sullivan Show em fevereiro do ano que vem. Já tá tudo acertado.
- O quê???? Capitol? Ed Sullivan?? Mas que diabos... amanhã eu tô aí!
Dito e feito, no dia seguinte, Kat já tinha reassumido seu posto na KRNY, devidamente inteirado de toda informação que eu coletara em sua ausência. Mas eu não lhe contei que estava pra receber o mais novo single da Banda. Ele ficaria insuportável.
- Mitch, eu vou procurar a Gloria Stavers, da 16 Magazine, ela me deve uns favores pessoais. Se há alguém que sabe o que vai acontecer em 1964, esse alguém é a Gloria.
Saí às ruas e quando voltei, Kat estava mais eufórico que nunca:
- A Gloria me disse que os caras vão acontecer big time. E não é só isso, depois de uma leve chantagem minha, adivinhe? Ela me deu simplesmente o contato do empresário deles, em Londres, um tal de Brian Epstein, can you believe it????
Minha vizinha Beth voltou de Londres no dia 18 de dezembro e, como eu esperava, colocou nas minhas mãos o novo 45 dos britânicos. Uau, esse material é quente. Corri como o vento e cheguei suando em bicas, esbaforido, à KRNY na manhã daquele 19 de dezembro.
- Kat, pode preparar a fantasia, que você vai ser o Papai Noel de Nova Iorque.
- Que papo besta é esse, rapaz?
- Vai te preparando que eu tô aqui com o maior presente de natal que a gente poderia dar pra essa cidade. Aqui, este é o novo single dos Beatles, que a Capitol só vai lançar lá pro meio de janeiro. Vamos escutar isso logo. Até onde eu sei, nenhum DJ em Nova Iorque tem.
- What???? Seu canalha!!! Me dá isso aqui, vamos lá pra cabina... Mas esses ingleses são uns sovinas mesmo, olha o visual desse single...
- Not so fast, Kat. Escute a canção...

Quando terminamos de ouvir o single, Kat apenas ficou me olhando, incapaz de falar qualquer coisa. Ele se levantou da cadeira e saiu da sala, mudo. Fui atrás dele:
- O que foi ? Você não gostou do single? Você tá maluco? É a coisa mais venenosa que a gente escuta desde Heartbreak Hotel e você não gostou??? Qual é a sua, Kat?
Kat não falou comigo durante todo o resto do dia. Mas gostou do que ouviu, tanto que colocou I Want To Hold Your Hand na grade do Swingin’ Evening naquela mesma noite. Logo antes do programa começar, ele mandou me chamar à cabina de transmissão:
- Venha cá, moleque atrevido, sente-se aqui, você vai ter a honra de introduzir a canção para os ouvintes, huauhauhauhauha....
- What???? Er... Não, eu não posso, não sei nada disso, não tô preparado pra isso...
- Deixa de besteira, rapaz, você é o cara mais preparado pra isso que já conheci. Vou te apresentar e então você introduz a canção. Só isso, sem dramas, pô. Afinal, você não queria ser um DJ em NY???
Não deu nem tempo de pensar, do console de transmissão partiu o aviso: no ar em dois minutos, Kat.
Eu introduzindo um single sensacional desses, pensei....
- No ar em cinco, quatro, três, dois....
- Yeah, baby, here’s what’s happening, a gente está aqui com Robert Mitchell Imperioli, de Flushing, Queens, e ele terá a honra de apresentar a vocês um negócio quentíssimo que acaba de chegar da Inglaterra, uma exclusividade aqui da KRNY. Então, Mitch, o microfone do Swingin’ Evening é seu.
Engatei cinco segundos de mudez, uma eternidade diante da latinha, Kat me fuzilando com o olhar... finalmente, saiu:
- Er... senhoras e senhores, pela primeira vez em Nova Iorque, aqui estão os Beatles cantando seu mais novo single, I Want To Hold Your Hand....
E foi como lançar um tijolo numa vidraça. Após a primeira execução, a canção simplesmente explodiu. Os telefones da KRNY não paravam mais de tocar, os ouvintes só queriam saber daquela música. Pra falar a verdade, a canção bagunçou todo o esquema de programação da Rádio, que teve de ser refeito pra acomodar cada vez mais execuções de I Want To Hold Your Hand...
Vendo aquilo tudo, eu pensava: uau, pode uma simples canção fazer um negócio desses? Mas elas não queriam saber apenas da canção. As cartas que recebíamos davam conta de que elas queriam saber sobre os Beatles. O que eles vestiam, o que eles pensavam, o que eles comiam. Eu não sabia o que tinha mudado no gosto daquelas jovens nos dois meses que se passaram desde que tentamos emplacar She Loves You em vão, mas para mim era evidente que estávamos presenciando os primeiros sinais da beatlemania em solo nova-iorquino.
- Mitch, vou tentar falar com esse Brian Epstein. A gente precisa saber mais desses rapazes pra informar aos ouvintes. Não quero ficar passando informação requentada ou imprecisa.
O Sr. Kauffman, diretor geral da Rádio, o aguardava segurando o telefone nas mãos:
- Kat, o Sr. Alex Chilton*, advogado da Capitol Records e dos Beatles aqui na América quer falar com você.
- Sr. Kat, TIRE ESSA CANÇÃO DO AR IMEDIATAMENTE E NÃO VEICULE MAIS ESSE SINGLE ATÉ SEGUNDA ORDEM, ENTENDEU???
* Minha singela homenagem ao grande Alex Chilton, do Big Star, que se foi ontem, 17/03. Thank you, friend!
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Yerblues Covers, vol. 10 (Beatlemania I - Covers by The Beatles)

Diondi era um dos DJ's mais quentes do país, uma referência quando o assunto era rock e R&B, pois havia sido um dos primeiros caras do rádio a terem tocado discos de Elvis, Jerry Lee Lewis, Gene Vincent, e por aí vai... Por isso era adorado por artistas e ouvintes. Eu sempre quebrava galhos pra Mick, descolando singles impossíveis de achar, comprando cigarros, ajeitando a situação quando sua mulher ligava, that kind of stuff... Ele sempre me dissera: Mitch, se você quer ser alguém no rádio, tem de ir pra Nova Iorque ou Los Angeles.
Eu já sabia disso. Grandes sonhos dominavam minha imaginação, mas, ser um grande DJ em Nova Iorque era o maior deles. Eu falava e pensava nisso o tempo todo. Meus amigos na KLS tiravam onda com minha cara, dizendo coisas como hey, Mitch, the NYDJ, play a song for me... Um dia, após presenciar a sessão diária de gozação dos colegas com meu lance de Nova Iorque, Mick falou comigo: Mitch esse papo seu de NY é realmente sério? Você sabe que lá é dureza, não é? Então é o seguinte, se você tiver bala na agulha pra encarar seu sonho, conheço um cara lá que pode ajudar.
Long story short, Mick ligou pra um conhecido chamado Kat The Coup, contou minha estória, falou de meus talentos e acertou meu estágio na KRNY, uma rádio de audiência mediana em Manhattan, além de ajeitar com a KLS uma rescisão de trabalho (e uma vaquinha com os colegas) que me rendeu 800 pratas, o suficiente pra que eu viajasse e me mantivesse alimentado e abrigado por três meses na Big Apple. Here's to you, Mick!

Imperava o chamado top forty radio, um formato que consistia na reprodução dos quarenta hits do dia.... uma espécie de jukebox radio, com hits repetidos à exaustão entremeados com o blábláblá metralhadora dos disk-jockeys, que enchiam os intervalos entre as canções com um fluxo alucinante de advertising e informações sobre o tempo e a temperatura.
As estrelas da época? Não eram muito instigantes. I mean, havia grande música, mas os artistas (e seus agentes) ainda não tinham percebido as infinitas possibilidades a serem exploradas numa ferramenta poderosa como o rádio. Era raro, por exemplo, ouvir entrevistas de artistas falando de suas músicas e discos, e quando elas aconteciam era tudo meio quadrado, baseado num script tão amarrado pelas gravadoras e agentes que ficava um lance totalmente sem espontaneidade, mecânico. Tudo muito comportadinho, clean demais.
E assim a vida ia caminhando, na velocidade morna dos 45's que eu arranjava pro Kat... Girl Groups, Teen Idols, Surf Music, algo de Twist, Motown Sound, uma ou outra canção legal do Orbison, ou do Shannon, ou dos Everlys, mas nada assim, vibrante. Nada como um Elvis, um Chuck Berry, ou mesmo um Jerry Lee Lewis... Eu não suportava aqueles galãs de meia-pataca, com topete de laquê, dublando roquinhos feitos sob encomenda no Brill Building. Tudo diluição do Elvis (que aliás, tinha diluído a si mesmo num coquetel de exército com Hollywood). Também não era chegado na onda Girl Group, com seus Soldier Boys e Da Doo Ron Rons, e achava os folkies, tipo Dylan e Peter, Paul & Mary, assim, meio chatos pra rolar no rádio. O Dylan tinha lá a sua poética, mas não era radio-friendly, e pra mim isso bastava! Existia um vácuo no mercado, isso era fato. Até uma freira emplacaria um hit, veja só, The Singing Nun, disco da irmã Luc-Gabrielle, que estourou com a chatíssima Dominique, dominando o topo das Billboard Hot 100 por 4 semanas consecutivas, can-you-believe-it??? Uma freira! No topo das Billboard Hot 100! Por 4 semanas! O país que foi o berço do rock & roll, há menos de 10 anos atrás, tinha agora uma freira no top spot da música pop. Just what we needed! (N. do A.: quem foi criança ou adolescente nos anos 70, deve se lembrar que passava esse filme na Sessão da Tarde... era um tal de Dominique, nique, nique pra cá e pra lá, num dos mais inesquecíveis exercícios de tortura auditiva para os jovens daqueles tempos).
Mas tudo começaria a mudar naquele setembro de 1963. Kat comentou comigo que recebera de um amigo da Filadélfia um single sensacional de uns ingleses, como era mesmo o nome deles? The Beatles... Quando eu vi a foto dos caras estampando a capa do disco....

- Claro que lembro, Mitch, eu toquei um single dos caras, Please Please Me, lá por fevereiro, março, sei lá. Os meninos não ligaram, mas aquela era uma grande canção. Em julho passado o Del (Shannon) gravou uma canção deles chamada From Me To You e emplacou um hit moderado, #67 na Cash Box... Eu mesmo toquei a versão dos caras pra From Me To You, aqui na KRLA, e a canção até que foi razoável, mas nada demais. Só que acabei de receber um novo 45 sensacional deles, She Loves You. Eu tô tentando trabalhar a canção, mas aqui em LA o pessoal só quer saber dos Beach Boys...
- Yeah, eu sei, o Kat tá tentando emplacar esse disco aqui em NY já tem uma semana, mas tá difícil, ninguém tá dando muita bola. Por isso é que me lembrei de você, que vivia falando nesses caras lá em Chicago. Você teria como me dar os contatos dos caras aqui na América, I mean, de quem representa os interesses deles por aqui? Ia me ajudar muito.

- Beleza, Mick, mas você viu que esse novo 45 dos caras não é mais da Vee-Jay? É da Swan Records. Você conhece o cara da Swan?
Resignado, ele confidenciou:
- Mitch, eu tinha o feeling de que essa canção ia emplacar. É tão vibrante e diferente das coisas que a gente escuta por aqui, que eu pensei grandes coisas pra esses caras. É difícil admitir, mas acho que eu me enganei com esses Beatles.
Liguei pra Diondi, pra saber como a canção ia em LA:
- Mitch, eu realmente devo estar ficando velho ou algo assim. Tinha certeza de que essa canção ia pegar, tinha potencial pra isso. A Cash Box elogiou a canção e o Dick Clark até botou esse som no Rate-A-Record do American Bandstand, você viu? Mas os meninos simplesmente não se ligaram. E quando Dick mostrou a capa do single, todos caíram na gargalhada.

Para download do volume 10, clique na capa do single.
***
Enquanto isso, na tarde daquele 31 de outubro, Ed Sullivan e sua mulher passavam momentos turbulentos no Aeroporto de Londres. Caía uma chuva torrencial, mas os saguões e sacadas do aeroporto estavam lotados de jovens alucinados, gritando palavras completamente estranhas.
Ed, incomodado com aquela bagunça, perguntou a um dos empregados do aeroporto:
- Mas o que está acontecendo com esses jovens, por que toda essa comoção?
- Senhor, é que os Beatles estão voltando hoje da Suécia...
- AND WHO THE HELL ARE THE BEATLES????
***
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
E a História começa....
By Guilherme Rodrigues (Yerblues)
Zoooooooommmmm... Um silvo intenso invade meus ouvidos... abro os olhos e sou atingido por uma explosão de luz, o que me leva a fechá-los de novo, involuntariamente.... Depois, tentativamente, olho para o relógio buscando uma referência qualquer, ainda sonolento, completamente atordoado pelo barulho e pelo clarão que me despertaram... 2 da manhã, marcam os ponteiros... eu estou sentado numa cadeira próximo à janela que dá para a asa direita do avião, e mal posso crer no que vejo, após os segundos que levei pra organizar minimamente os pensamentos: uma das turbinas do avião estava completamente em chamas... quase imediatamente a nave começou a sacolejar... tranqueiras mil começaram a cair dos mini-compartimentos acima das poltronas... gritos ora abafados, ora em semi-desespero aqui e acolá... caos total... o comandante avisa, tardiamente, que o avião passará por zona de turbulência... com uma turbina pegando fogo? Olho para o lado e vejo John Lennon, lívido... Súbito, tudo me vem à mente de uma vez, como se estivesse fazendo o caminho inverso ao normal, sendo tragado da realidade para dentro do sonho: eu estou no Electra que carrega os Beatles e sua entourage pela turnê americana, e pelo visto a próxima escala vai ser no inferno... swwwwwwoooooosssssshhhhhhhh... novo silvo, tapo os ouvidos instintivamente, máscaras de oxigênio caem, meu estômago vem pra boca, o avião embica e mergulha no vazio....
E pensar que há apenas alguns meses eu estava passando o diabo em Nova York...
Cap. I - Introducing....
Mas naqueles dias, eu não sabia de nada disso, estava muito ocupado, sobrevivendo. E mesmo que soubesse alguma coisa, minha imaginação não seria páreo pra realidade que viveria em breve. O fato é que ninguém, nem o mais preparado intelectual, poderia suspeitar que essa tábua de salvação já estava a caminho dos USA naquele novembro de 1963. E então veio o maior furacão de alegria e histeria que já assolou a América...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Yerblues Covers, Vol. 9 - Rock On!

Você já ouviu Led Zeppelin até o ponto de achar que entendeu a mensagem implícita de Whole Lotta Love (já seria o bastante achar que em qualquer canção do velho Zepp há alguma mensagem a se entender)... Deep Purple, como a cera, habita suas orelhas faz anos... você come os riffs de Iommi com sucrilhos no café da manhã... e há mesmo gente que só consegue ir ao banheiro ao som de We Will Rock You (huahua)... resumindo: hard rock é a sua praia... Confesso que eu fiquei meio de saco cheio com o gênero, após anos de exposição ininterrupta a N.I.Bs, Cold Gins e Sunrises, desses papos de demônios te perseguindo; de alguém pegando uma escadaria para o céu; de “doce liberdade”; de magos, duendes, dragões... eventualmente eu até já cogitei da pergunta maldita (será que já existiu alguma Banda de hard rock que conseguiu juntar um mínimo de neurônios à agressividade?)... mas não posso negar, esse gênero é parte muito importante da minha trilha sonora... depois do reinado dos Beatles e dos Stones nos meus neurônios, uma de minhas primeiras lembranças associadas ao dito rock é rock mesmo é a de pegar a capa do vinilzão High and Mighty, do Uriah Heep, e ficar encafifado com aquele revolver voador, enquanto Weep in Silence destruia o Garrard.. (er... huauhauhahua, eu era apenas um jovem a ter a inocência perdida, ainda não sacava essas piadas inglesas; não sacava nem inglês, pra falar a verdade, hahua)... pois é, é fácil ser cínico com essas coisas do alto dos quarenta e muitos anos, mas aquele disco do Heep - mais um que era da coleção da minha querida Sílvia H; você ainda tem ele por aí, beibe? – ainda me diz muito, mesmo não sendo um dos mais conceituados do gênero. Então, mesmo fazendo uma cara que eu me desliguei das pauleiras, dei uma vasculhada por cá e ajuntei umas covers que achei “aceitáveis”.... infelizmente, não achei nenhuma cover bem-feita do Heep pra colocar... confesso também que meti uma cover bem assim-assim de Wild Flower, do Cult, mas acho que dá pra divertir... pensar demais ultimamente tem sido meio dolorido pra mim, huauhauhahua, e queimar pestana compilando hard rock é muita pauleira até pra um nerd rock & roller como eu. Então pra espanar las ventanas de 2010, bulshit no more, no more, here’s some high voltage rock & roll to you!
Tracklist:
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Yerblues Covers, vol. 8 - The Last Batch of Three Minutes Pop Heaven!

Tracklist:
01 - Yums Yums, The - Shake Some Action (The Flamin' Groovies)
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Yerblues Covers, vol. 7 - Gimme Another Three Minute Pop Shot!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Yerblues Covers, vol. 6: Another Batch of Three Minute Pop Heaven

01 - Love Nut - Green Tambourine (The Lemon Pipers)
02 - Valley Lodge - Sentimental Lady (Fleetwood Mac)
03 - Cherry Bluestorms, The - Baby, You're A Rich Man (The Beatles)
04 - Double Naught Spies - Dizzy (Tommy Roe)
05 - Dukes Of Earl, The - Him Or Me (Paul Revere & The Raiders)
06 - Multi-Color House - You Told Me (The Monkees)
07 - Grapes Of Wrath, The - See Emily Play (Pink Floyd)
08 - Grip Weeds, The - Melancholia (The Who)
09 - Jason Falkner - Wicked Annabella (The Kinks)
10 - Blue Ash - Anytime At All (The Beatles)
11 - Joe Pernice - I Go to Pieces (Del Shannon)
12 - Dwight Twilley - Last Kiss (Wayne Cochran)
13 - Insiders - Price Of Love (The Everly Bothers)
14 - Oohs, The - You're Going To Lose That Girl (The Beatles)
15 - Admiral - Let Go Of You Girl (The Left Banke)
16 - Losers Lounge - After The Fox (The Hollies)
17 - Of Montreal - Friends Of Mine (The Zombies)
18 - Lears, The - Softly To Me (Love)
19 - Smash Palace - I Want To Tell You (The Beatles)
20 - Phenomenal Cats - I've Got Something On My Mind (The Left Banke)
21 - Teenage Fanclub - Between Us (The Rutles)
22 - Scott McCarl - Nobody Knows (The Raspberries)
23 - Bryan Shaddix - Couldn't Love You (Nick Lowe)
24 - Shambles, The - Harmony (Elton John)
25 - Material Issue - Run To Me (The Bee Gees)
26 - Eric Matthews - Lonely Sea (The Beach Boys)
.jpg)
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Yerblues Covers, Vol. 5 - Three Minute Pop Heaven AGAIN!

Então, sem mais blábláblá, power (pop) to the people!
Tracklist:
01 - Smithereens, The - I Don't Want To Spoil The Party (The Beatles)
02 - Beats, The - One And One Is Two (The Strangers & Mike Shannon)
03 - Shambles, The - You Make Me Feel Good (The Zombies)
04 - Yo La Tengo - Here Comes My Baby (The Tremeloes)
05 - Flamin' Groovies, The - Please Please Me (The Beatles)
06 - Tom Petty - Feel A Whole Lot Better (The Byrds)
07 - Chesterfield Kings, The - Time Will Tell (The Kinks)
08 - Mitch Easter - Valleri (The Monkees)
09 - Three O'Clock, The - Sorry (The Easybeats)
10 - Jim Basnight - I Can See For Miles (The Who)
11 - You Am I - Makin' Time (The Creation)
12 - Chords, The - She Said, She Said (The Beatles)
13 - Flamingoes, The - Water On The Brain (The Hollies)
14 - Trolleyvox, The - Our Love Was (The Who)
15 - Jam, The - Get Yourself Together (The Small Faces)
16 - Green Day - Tired Of Waiting (The Kinks)
17 - Sneetches, The - So Lonely (The Hollies)
18 - Idea - Barterers And Their Wives (Left Banke)
19 - Jiffipop - Mournin' Glory Story (Harry Nillson)
20 - David Grahame - Somebody Made For Me (Emitt Rhodes)
21 - Sloan - Waterfalls (Paul McCartney)
22 - Bill Lloyd - Lonely You (Badfinger)
23 - Matthew Sweet - Ballad Of El Goodo (Big Star)
24 - Flashcubes, The - Don't Want to Say Goodbye (The Raspberries)
25 - Phil Keaggy - Baby Blue (Badfinger)
26 - Brendan Benson - Let Me Roll It (Wings)
.jpg)
domingo, 25 de outubro de 2009
Yerblues Covers, Vol. 4 - Three Minute Pop Heaven!
Então vamos lá. Algumas pessoas conhecidas têm me perguntado o porquê de uma série sobre covers...
Bom, não há uma explicação muito precisa pra isso. Na verdade, como viciado em música já há trinta e uns anos, essa escolha se impôs pra mim de forma natural. Depois desses anos todos ouvindo o trabalho de tantos artistas e seus tantos discos maravilhosos, a gente acaba meio que ficando amigo deles... e aí a gente começa a pirar e querer “entender” um pouco mais sobre este ou aquele artista, suas influências, seus pecados, seu bom ou seu mau-gosto... é mais ou menos como a gente conhecer alguém, dando uma olhada na sua coleção de discos, livros e filmes... isso acontece com vocês??? Comigo, é batata, quando vou à casa de alguém pela primeira vez, meus olhos procuram inevitavelmente os discos, livros e filmes que essa pessoa curte (é, eu sei que seria de uma superficialidade monstruosa julgar alguém por estes “critérios”, mas aqui não é o caso de julgar o caráter de alguém... é somente aquela primeira triagem, hehe)... pois bem, no meu caso a piração vai um pouco além, e eu acabo ficando amigo de algumas músicas... por exemplo No Matter What... eu posso estar fazendo o que for, na maior das deprês... quando o riff que abre a música me atinge, minha mente é sugada pra dentro de um vórtex de euforia, otimismo, puro prazer, e eu fico como um zumbi alegre pelos eternos três minutos que dura a canção... então, ao longo dos anos, cada vez que um artista minimante categorizado interpretou este clássico do Badfinger, eu corri atrás pra ouvir, na expectativa - sempre satisfeita - de cantarolar aquelas letras deliciosamente estúpidas junto; na antecipação daquele meu momento favorito na canção; na ânsia de ser surpreendido por um novo e até então insuspeitado hook; na curiosidade de ver o que aquele artista ia fazer com uma velha amiga (se ele ia ser reverente, respeitoso, ou se abusaria, se viraria do avesso, reinventando, repaginando e re-eternizando aquilo que já era imortal)... porque, ao contrário do que muitos pensam, eu também gosto de “mais do mesmo”, huahuahuahua... aliás, como atualmente ser “mais do mesmo” é a regra, nada mais honesto, por parte dos artistas, do que reinterpretar as canções daqueles artistas que eles “chupam” anyway (ooops, sorry, uhauhahuauha)....
E já que falei em Badfinger, os próximos volumes das Yerblues Covers serão dedicados ao power-pop, gênero para o qual muitos viram a cara, em geral por não terem saco pra letras que falam invariavelmente de namorar garotas, terminar com garotas, sofrer rejeição das garotas e por aí vai (huahua, como se muuuuita gente do rock falasse de algo tão diferente disso)... but not me, eu sou vidrado no imediatismo daquelas canções simples; na urgência dramática daquelas guitarras explodindo os falantes; naqueles tiros curtos, secos e abençoados de três minutos nos neurônios, tradução clássica deste gênero que nasceu com os Besouros, os Quem, os Pervertidos, os Zumbis, os Carinhas, os Sagrados, os Batida Fácil, os Caras da Praia, os Passarynhos, o Dedo-Mau, a Grande Estrela, os Framboesas (huahuahuahuahuahuahuahua, cá entre nós, Dedo-Mau e Framboesas é de lascar!)...
Aproveitando, eu queria dedicar este e os próximos volumes das Yerblues Covers, focalizando o power-pop, a duas pessoas, de cujas fontes retirei muitas das faixas aqui presentes:
Angelo, do maravilhoso powerpocriminals.blogspot.com (não deixe de ir lá!), primeiro por manter esse blog, que é referência quando o assunto é power-pop, e em segundo lugar pelo trabalho que teve montando uma série de compilações magníficas sobre os Beatles. Obrigado pelo teu esforço, brother, tem sido grandemente apreciado;
Curty Ray, do espetacular powerpopoverdose.blogspot.com (parada obrigatória também!), por manter esse blog num nível tão alto que desafia a lógica, e por nos disponibilizar tantas compilações imperdíveis sobre Bandas igualmente imperdíveis. Grande trabalho, camarada, é impossivel te agradecer à altura.
(A big, enormous thank you goes to Angelo, from the spectacular Powerpopcriminals.blogspot.com (go there, NOW!), for his magnificent series of compilations on the genre, from wich I took loads and loads of tracks presented here; also would like to give credit to the Curty Ray, from the mighty powerpopoverdose.blogspot.com (you must visit this place!) for always being a reliable and generous source of three minute pop heaven. Lotsa tanx, mates!)
Então, é isso aí, pessoal, if you want it, here it is, come & get it!
01 - Smithereens, The - I Want To Hold Your Hand (The Beatles)
02 - Jam, The - So Sad About Us (The Who)
03 - Big Star - Till The End Of The Day (The Kinks)
04 - Three O'Clock, The - In My Own Time (The Bee Gees)
05 - Shambles, The - Daily Nightly (The Monkees)
06 - Continental Drifters, The - I Can't Let Go (The Hollies)
07 - Doughboys, The - Ain't Gonna Eat Out My Heart Anymore (The Rascals)
08 - Shane Searles - God Only Knows (The Beach Boys)
09 - Knack, The - No Matter What (Badfinger)
10 - Sneetches & Shoes - I Wanna Be With You (The Raspberries)
11 - Squire - September Gurls (Big Star)
12 - Ramones, The - Needles & Pins (Jackie De Shannon)
13 - Goldbergs, The - Somewhere Over The Rainbow (Judy Garland)
14 - Jayhawks, The - Bad Time (Grand Funk Railroad)
15 - Jason Falkner - Pretty Ballerina (Left Banke)
16 - Wishniaks - Thirteen (Big Star)
17 - Erik Voeks - I'll Be the One (Badfinger)
18 - Gary & The Grip Weeds - Rock 'n' Roll Love Letter (The Bay City Rollers)
19 - Ray Paul - Some Sing, Some Dance (& Emitt Rhodes) (Pagliaro)
20 - Wondermints, The - Magic (Pilot)
21 - Rubinoos, The - My Little Red Book (Love)
22 - Blue Cartoon - Shadows Breaking Over My Head (Left Banke)
23 - Wondermints, The - Guess I'm Dumb (Glen Campbell)
24 - Cloud Eleven - Didn't Wanna Have To Do It (Lovin' Spoonful)
25 - Guided By Voices - Downed (Cheap Trick)
26 - Webstirs - I Reach for the Light (The Raspberries)
27 - Gin Blossoms - Back Of A Car (Big Star)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Quintalive Especial: Yerblues Covers, vol. 3 (A Live Covers Mix)
- Calma lá, Big Boi, fique tranquilo. É o seguinte: o espaço Quintalive será respeitado. A única coisa diferente é que ao invés de apenas uma banda e um disco, eu fiz uma seleção de 17 momentitos ao vivo do rock, nos quais as Bandas mandam ver covers de seus artistas favoritos, sacou?
- Anhhhhhhhh, porque você não falou logo, pombas??? Beleza, é uma boa idéia, chefe. Deixa eu ver esse tracklist... hmmm... Jethro Tull mandando Bourée, beleza... mas... The Doors detonando Backdoor Man na sequência???
- O sagrado e o profano... depois do sublime, o carnal... quando você ouvir Jim urrando nas tuas orelhas, man, sei não, periga até você entregar, Big... é o grito mais foda de toda a história do live rock... pena que a versão é pequena, entrecortada...
- É, tá certo, se você tá dizendo que é assim... vamos lá, em seguida vem o Led com I Can't Quit You Baby, aí eu já tô na minha praia, beleza pura... hmmm... daí vem Shakin' All Over com quem? Hehe, os Quem... ainda bem que não se usa traduzir os nomes das Bandas pra português, né, chefe?
- Na Argentina eles fazem isso..
- É verdade, eu tenho um disco argentino do Iron Maiden e eles sentam lá na capa "
- Olha o foco, Big, olha o foco...
- Tá bom, tá bom... a seguir vem... ooh la-la, War Pigs com Gov't Mule...
- É, eu sei que peguei pesado, mas eu sou vidrado nessa versão..
- Tem nada não, Yer, é bagulho du bão isso aqui... Gov't Mule dispensa explicações... Agora me explica esse tal de Dan Baird na sequência... quem diabos é Dan Baird, chefe?
- Hehe... o Dan é um dos maiores rock & rollers dos anos 80 pra cá, Big. O cara foi o main man dos Georgia Satellites e desde então vive lançando discos sensacionais pra audiências irracionais, que nem se ligam no cara...
- Beleza, vou conhecer o som dele agora... depois vem Bob Seger & Silver Bullet... Mas peraí, esse cara aqui não é aquele tio grisalho que canta a xaroposa Against The Wind??? Pô, Yer, cê tá brincando, esse cara deve esculhambar com esse clássico do Ike e da Tina...
- Ô Big, ouve o negócio primeiro, depois você desanca o sujeito... Tá certo, o Seger virou xarope (e sucesso!), mas ele rodou muito pela estrada no rock & roll antes... e essa versão de Nutbush City Limits é Detroit puro...
- Sei lá, essa eu vou precisar ouvir com cuidado... depois vem Johnny Winter... esse não tem erro, é sempre paulada na moleira... Joe Cocker na época do Mad Dog, beleza... Janis mandando ver Maybe, beleza... Delaney & Bonnie, er... eles eram um casal, né?
- Eram, mas isso era o que menos importava pra gente... o Delaney era um puta compositor e músico e a Bonnie, além de compor também, tinha uma voz que é o seguinte, sen-sa-cio-nal! Teve gente que fez carreira não cantando nem um décimo do que a Bonnie canta, a exemplo da Rita Coolidge, da Linda Ronstadt e por aí vai...
- Cruz credo, isso não é parâmetro de comparação, Yer...
- Pra época era.. Pra mim, a Bonnie cantava tanto quanto a Maggie Bell e a Dusty Springfield, mas não teve o reconhecimento que merecia...
- A Maggie canta pra burro... essa Dusty aí eu so me lembro das perucas...
- Vamos voltar à lista, Big...
- Beleza, onde eu tava mesmo? Ah, sim, aí vem o Jimi com Hey Joe... Não tá meio batida não, Yer?
- Batida por que? Você não gosta dos clássicos?
- Não é isso, é que Hey Joe...
- Big, Hey Joe é a segunda melhor cover da história do Jimi e uma das maiores covers de todos os tempos... é tão foda que a maioria das pessoas pensa que a música é do Hendrix, e aquelas poucas que sabem que ela não é do Jimi, não tão nem aí, o cara simplesmente pegou a música e tacou a assinatura dele nela de tal forma que acho que hoje quem recebe os direitos autorais sobre a música é a família do Hendrix.
- Ta bom, ta bom, já me convenceu... mas pera lá, o que é que Ocean Colour Scene tá fazendo no meio dessas feras??????
- Huahua, eu sabia que você ia dar xilique com essa... no fundo, no fundo, você é um classicista Big.
- O quê???
- Um conservador. Um sujeito fechado nos seus conceitos sobre o que é rock de verdade... Cara, você já ouviu essa versão?
- Sou nada disso aí não, Yer, e eu já ouvi a versão que saiu nas Yerblues Covers, vol. 1. É legal, mas por que a repetição?? Além do mais, jogar os caras no meio dessas feras é pegar meio pesado, né não?
- Bom, pra começar, essa versão é ao vivo. E também tem um detalhe que faz toda a diferença, nessa versão os caras estão (muito bem) acompanhados da P. P. Arnold. Se você tá achando que eu peguei pesado, ouve a versão e depois me diga o que achou...
- Então tá... vamos lá, quem vem agora? hmmm... Donny Hathaway, aquele de The Ghetto?
- Esse.
- Porra, o cara canta muito. E mandando ver What's Going On, uma de minhas músicas preferidas em todos os tempos, deve ser o bicho...
- Pode ter certeza, é o bicho... ele manda ver uns Fender Rhodes meio jazzy no negócio, mas a veia Soul tá lá, escancarada... Aliás, esse disco ao vivo do Donny é de ouvir de joelho...
- Vamos agendar ele pra um próximo Quintalive...
- Tá combinado.
- Beleza, e daí temos.... Atlanta Rhythm Section, com Spooky, e Booker T. & Boz Scaggs com I've Been Loving You Too long, do Redding... O Booker T. é mato, mas essa Spooky não é aquela top ten da rádio AM (pra não falar mela-cueca)??? Hmmmm, sei não, você tá xaropando também, Yer....
- Que mané xaropando, rapá. Vocês têm essa mania de julgar as músicas, como se elas tivessem a obrigação de mudar o mundo. Cara, essa é uma canção foda, entretenimento de primeira linha, hooks aos quilos, sem falar nessa intro que é pura classe... e você falou em mela-cueca... me diz uma coisa: vai dizer que você namora ao som de Kashmir, ou Highway Star, ou Paranoid????
- Pô, chefe, eu não quero falar disso...
- Vamo lá, desembucha, Brasília-boy...
- Eu não namoro faz anos, porra!
- Ah bom, então faz o seguinte: coma menos cream cracker, tome mais de um banho por semana e seja menos inflexível nos seus conceitos... te garanto que vai pintar mulher no pedaço...
- Mudando de pato pra ganso, vamos voltar à lista?
- Beleza...
- Finalizando... hmmm... Presence of The Lord com os Black Crowes... nunca ouvi essa versão.
- Então te prepara, que essa é de rachar... o Chris Robinson tá ligeiramente viado na interpretação, mas o que o resto da banda faz com a música, é simplesmente destroçante... eles transformam a canção numa daquelas jams que por mim rolariam por trinta, quarenta minutos sem qualquer enfado no pedaço... Infelizmente, depois de um tempo, eles metem um fade out na parada... Mas aí, a gente já está completamente massacrado... Não é à toa que essa veio por último...
- Porra, deve ser mesmo duca... agora olha só, Yer, você sabe que se eu mixar isso aqui não vai ter como a galera escolher escutar as faixas individualmente, não sabe? O mixer não me dá essa opção.
- Pode mixar, Big... os arquivos MP3 de faixas ao vivo, nos intervalos, se não forem mixados ficam com aqueles buracos, ou, pior, ficam com aqueles aplausos remendados, o que faz a seleção ficar parecendo a noiva do frankenstein...
- Huahua, olha a velharia aí, cita pelo menos a noiva do re-animator, pombas...
- Re-animator é de quase trinta anos atrás, ô creteeno.
- É mesmo??? Pô, parece que eu vi esse filme ontem no São Luiz...
- O Cine São Luiz virou uma igreja dessas universais há pelo menos vinte anos, Big...
- O quê???? Cê tá brincando!!!! Eu comprei essa camiseta do Led que tô vestindo quando saí do cinema...
- Huahua, pois é, muderninho!
- Putz, agora tô triste... o São Luiz era manêro... chefe, você sabe que só tem um jeito de me fazer trabalhar quando fico assim, deprê...
- Raios, lá vem despesa... Quaaaack, vai lá comprar jujuba azedinha e cream cracker pra gente....
01 - Jehtro Tull - Bourée (Johann Sebastian Bach)
02 - Doors, The - Backdoor Man (Howlin' Wolf)
03 - Led Zeppelin - I Can't Quit You baby (Otis Rush)
04 - Who, The - Shakin' All Over (Johnny Kid & The Pirates)
05 - Gov't Mule - War Pigs (Black Sabbath)
06 - Dan Baird & The Yayhoos - It's All Over Now (The Rolling Stones)
07 - Bob Seger & The Silver Bullet Band - Nutbush City Limits (Ike & Tina Turner)
08 - Johnny Winter - Johnny B. Goode (Chuck berry)
09 - Joe Cocker- She Came In Through The Bathroom Window (The Beatles)
10 - Janis Joplin - Maybe (The Chantels)
11 - Delaney & Bonnie & Friends - Things Get Better (Eddie Floyd)
12 - Jimi Hendrix - Hey Joe (The Leaves)
13 - Ocean Colour Scene & P.P. Arnold - Song of a Baker (The Small Faces)
14 - Donny Hathaway - What's Going On? (Marvin Gaye)
15 - Atlanta Rhythm Section - Spooky (Classics IV)
16 - Booker T. & The MG's & Boz Scaggs - I've Been Loving You Too Long (Otis Redding)
17 - Black Crowes, The - In The Presence of The Lord (Blind Faith)
