domingo, 6 de setembro de 2009

God Street Wine by Dugabowski

God Street Wine – $1,99 Romances (um disco que Baco certamente (a)provaria)

Quem gostou do som à la Allman Brothers Band da banda Bessie Mae’s Dream (antes que a patrulha allmanbrothersiana peça a minha cabeça numa bandeja, é preciso pôr os pingos nos is: nunca comparei nem estou comparando agora as duas bandas; apesar da minha idade provecta, não estou esclerosado, posso assegurar (mas reconheço que tem gente na família e até vizinhos que pensam diferente...); a ABB é incomparável: afora a qualidade da sua música, foi pioneira, criou um estilo, fez escola; e uma de suas alunas é (ou foi; parece que a banda acabou) justamente, do meu ponto de vista, a BMD, que frequentou, porém, outros colégios, daí resultando o seu som, uma mistura suingada de southern, fusion, jazz, pop, country, o diabo a quatro – a definição de estilos musicais é uma atividade muito subjetiva, e, por isso, nem um pouco científica (a própria nomenclatura já é uma indigesta salada, com centenas de nomes, surgidos não se sabe de onde e crescendo a cada dia); tem banda (e isso vale para cantor também) cujo som, dependendo de quem o analisa (e da sua capacidade criativa...), aparece catalogado em mais de dez gêneros musicais, por sua vez subdivididos em outras tantas dezenas de subgêneros; um verdadeiro samba do crioulo doido... (sem querer ser saudosista, porém num passado nem tão longínquo assim, apesar da etiquetagem, que sempre existiu, a catalogação dos estilos ocorria frente a uma lista bem menor, o que facilitava o enquadramento dos músicos; hoje, a meu ver, com a profusão dos rótulos, a classificação fica dificultada; a questão, portanto, é tormentosa; na dúvida (e, diante do quadro atualmente desenhado, quem não a tem?), o melhor é orientar-se pela velha dicotomia: música boa e música ruim; o resto é discussão estéril, que não leva a lugar nenhum); mas voltando ao assunto, interrompido pelo longo mas necessário parêntesis, quem gostou, então, do som da BMD, contido no disco Blind Man Sunsent, já postado aqui no SN, não terá motivo nenhum (aposto todas as minhas sete fichas...) para desgostar da God Street Wine (em tradução literal, Rua Do Deus Vinho, por isso a brincadeira com Baco no título, que, para os romanos, era o deus do vinho), ao menos do seu disco agora disponibilizado, “$1,99 Romances”, reconhecido pela crítica e pela própria GSW como o melhor trabalho da banda.
Segue, como de praxe, a vida resumida da banda, contada por Richard Skelly, do site allmusic (a Wikipedia, em inglês, também traz uma pequena biografia do grupo, e até um pouco mais abrangente, mas preferi a do allmusic por ser assinada, o que, pra mim, sempre é garantia de maior autenticidade; a outra e melhor alternativa, a reprodução da biografia completa da banda, encontrável no site www.godstreetwine.com, aparentemente oficial da GSW – muito bom, por sinal, e até certo ponto incomum, em se tratando de grupos musicais –, tornou-se inviável em face do seu tamanho), em tradução livre do inglês, novamente.
God Street Wine, uma jam band nova-iorquina, na tradição de Spin Doctors e Blues Traveler, misturava funk, reggae, folk-rock, post-punk, pop-rock e blues-rock, num caldeirão único e original. Formado na cidade de Nova York, no final dos anos 80, o grupo radicou-se lá até se mudarem para a cidade de Westchester, no Estado de Nova York, em 1991. Integrada por Lo Faber na guitarra e vocal principal, Aaron Maxwell também na guitarra e vocal principal, Dan Pifer no baixo e vocais, Jon Bevo no piano, órgão e vocal principal, e Tomo (ou John Thomas Osander) na bateria, a God Street Wine fez seu primeiro show em 13 de dezembro de 1988, no Nightingale Bar, localizado na cidade de Nova York.
A banda se tornou legendária (sic) por suas performances com mais de três horas de duração. A par disso, com seus dois guitarristas mostrando segurança nas improvisações, começou a ser comparada a uma outra grande banda com uma dupla de guitarristas, a Allman Brothers. Embora o som da God Street Wine fosse consideravelmente menos bluseiro, a banda não tinha receio de se arriscar ao vivo, tal como ocorria com a Spin Doctors ou a Blues Traveler. O grupo manteve uma grande lista de correspondentes, com mais de 15.000 nomes, e continuou a estimular um dedicado fã-clube, muitas vezes referido como “Winos”. Foi, aliás, essa multidão de seguidores que atraiu a atenção dos executivos das gravadoras, não muito diferente do caminho que a Phish tomou para deslanchar em Vermont, seu estado de origem.
O primeiro álbum da God Street Wine, com produção própria da banda, foi gravado em 1992. Seguiu-se uma compilação de músicas ao vivo, “Who's Driving?”, em outubro de 1993, pelo selo Ripe and Ready. Depois de conseguir a atenção dos executivos da Geffen Records e de uma empresa de agenciamento, a McGhee Entertainment, a banda assinou com a gravadora, em janeiro de 1994, e lançou “$1,99 Romances” em setembro daquele ano, através de uma parceria entre a Geffen e a McGhee. Todavia, como ninguém da Geffen conhecia a GSW, o disco foi pouco divulgado. Em 1995, a banda foi contratada pela Mercury Records, depois que um executivo da nova gravadora assistiu a um show do quinteto no Beacon Theater em Nova York. Pela Mercury Records, saiu o disco “Red”, no ano seguinte, e o álbum homônimo “God Street Wine”, em 1997. O grupo continuou a excursionar até 1999 e se dissolveu no ano posterior, mas conseguiu ainda lançar o disco “Good To The Last Drop”, uma coleção de hits do seu tour de despedida, realizado em julho de 2000.
Além da minibiografia, destaco, ainda, como curiosidade, que a GSW, no seu site, se gaba de nunca ter: a) vendido mais de 60.000 álbuns; b) um vídeo divulgado na MTV; c) tocado num estádio esportivo; d) se apresentado fora dos Estados Unidos, exceto uma única vez, em Paris. Mas, em compensação, estufa o peito para dizer que: 1) fez 5 álbuns para 3 gravadoras diferentes (?) – isso, por acaso, é algum feito?; 2) viajou pelos Estados Unidos de costa a costa inúmeras vezes, tendo integrado a excursão da Horde em quatro oportunidades, e abrindo turnês da Black Crowes e da Allman Brothers Band; 3) desempenhou, no final dos anos 80 e início dos 90, um papel importante para o desenvolvimento do então chamado cenário das jam bands; 4) exerceu uma grande influência sobre a nova geração de músicos improvisadores do rock, tendo também, em contrapartida, recebido influência deles (decididamente, a modéstia não faz parte do repertório da GSW...). E manda um aviso: continua na cena artística, compondo e gravando novas músicas e mantendo contato com seus fãs.
Eis, portanto, o perfil da GSW (quem quiser conhecer melhor a banda, repito, acesse o seu site, acima mencionado), e o seu mais famoso disco (o allmusic o classifica como album pick), “$1,99 Romances”. Bom proveito (ou talvez fosse melhor dizer: boa degustação...).



God Street Wine (1995) $1,99 Romances

Músicos:
Jon Bevo: Piano, organ, vocals
Lo Faber: Guitar, lead vocals
Aaron Maxwell: Guitar, lead vocals
Dan Pifer: Bass guitar, vocals
Tomo: Traps, vocals

Faixas:
1. Princess Henrietta
2. Mile By Mile
3. Nightingale
4. Thirsty
5. Stone House
6. Molly
7. The Ballroom
8. Run To You
9. Crazy Head
10. Hammer And A Spike
11. Wendy
12. Imogene
13. Tina’s Town
14. Into The Sea


[MU] [153MB @320kbps]

Nenhum comentário: