quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Pure Pop For Now People: Sloan - Between the Bridges

Pessoal, quando eu postei o volume 4 das Yerblues Covers, dedicado ao powerpop, o mano Berlotas deixou um comentário ultra-pertinente sobre as bandas faceless que infestam o gênero atualmente, fazendo com que a maioria dos rockers prefira passar longe de qualquer coisa associada ao powerpop, ficando com as grandes bandas do passado. Não preciso nem dizer que concordo com o Edson, pelo menos em parte. Essa fakeland tem reinado não só no powerpop, mas na música pop em geral, e já deu no meu saco o suficiente pra que eu tivesse aberto mão de escutar rádio desde idos dos anos 80... tem muitos espertinhos que fazem um sonzinho ordinário, canções com um ou dois acordes menores pra dar um ar vintage, metem umas guitarras overpowered, vestem umas bellbottons Levi's 505 desbotadas, cortam os cabelos cuidadosamente descuidados, à Pete Ham, mandam um patchuli no cangote e deitam a falar em entrevistas que são pop poderoso!!!! Ui, de fato, eles são po-de-ro-sos! Huahuahuauha... Bem, também é fato que os posers sempre existiram no pop-rock, desde sua gênese, e acho que existirão sempre. Beleza, feito esse manifesto reacionário-anacrônico, assumindo meu lado dinossauro, huahua, vamos ao que interessa: felizmente existem exceções, caras talentosos que ainda sabem compor e acreditam que boas canções pop fazem a diferença. O Sloan é uma banda formada por quatro destes caras. Todos canadenses, vidrados no som dos Beatles, do Who, do Emitt Rhodes, do Move, do Big Star, do Nazz, mas também fissurados em Steely Dan, Fleetwood Mac, Todd Rundgren e no rock & roll all nite and party everyday do Kiss, Alice Cooper, Thin Lizzy, Cheap Trick e outros mestres... o powerpop destes caras da Nova Escócia certamente não apresenta nada de novo, conceitualmente falando. Qualquer um que tenha um mínimo de conhecimento sobre rock vai escutar milhares de referências aos clássicos. Mas o que eles fazem, e muito bem, é injetar sangue, suor & nervos no gênero, compondo e interpretando canções tão legais que desafiam qualquer cinismo, fazendo eu me lembrar do porquê eu começei a gostar de rock, há tanto tempo. É difícil fechar as orellhas pra um disco tão bem-feito, tão bem-acabado, tão ambicioso e tão inteligente como Between The Bridges, de 1999 (o disco é uma espécie de estória sobre as andanças da própria banda, sua jornada de heróis canadenses à nobodys na terra do Tio Sam, voltando como filhos pródigos à sua terra e às glórias do passado). Infelizmente o grande público não deu, e continua a não dar, a menor pelota pro Sloan - que continua a lançar pérolas pop uma atrás da outra. E pensar que na mesma época o Oasis era sucesso mundial, enchendo o saco com um retro-pop anasalado e chato pra burro, sem a menor classe e sem um décimo da stamina e dos hooks presentes em Between The Bridges... Mas é o seguinte, o Badfinger nunca fez sucesso (o Pete inclusive se matou por isso). Alguém se lembra do Big Star estourando em alguma parada de sucessos? As únicas bandas clássicas de powerpop a ter algum sucesso foram os Raspberries e bem depois o Cheap Trick, e mesmo assim foi uma coisa bem localizada e efêmera.... Sucesso e powerpop nunca foram muito amigos um do outro... Mas nada disso importa. O que conta é que quando você termina de escutar Between The Bridges, você se sente bem, alegre, com renovada esperança de que a velha arte conhecida como pop-rock sobreviverá, no matter what. Traduzindo: depois de escutar o chorus e as linhas de baixo de So Beyond Me, ou a melodia e as harmonizações de Don't You Believe a Word, ou ainda a barragem de riffs de Friendship, Losing California e Take Good Care Of The Poor Boy, só uma coisa passa pela cabeça: é, eu já ouvi isso tudo... mas, porra, como é bom ouvir tudo isso de novo!

Tracklist:

01. N.S.
02. So Beyond Me
03. Don't You Believe a Word
04. Friendship
05. Sensory Deprivation
06. All by Ourselves
07. Long Time Coming
08. Waiting for Slow Songs
09. Losing California
10. Marquee & the Moon
11. Take Good Care of the Poor Boy
12. Delivering Maybes




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