sexta-feira, 16 de outubro de 2009

The Muggs by Dugabowski

The Muggs: um power trio contemporâneo que não destoa da tradição setentista.


The Muggs (2005) The Muggs

Faixas:
1. Need Ya Baby
2. Gonna Need My Help
3. Rollin’ B-Side Blues
4. “Monster”
5. Should’ve Learned My Lesson
6. White Boy Blues
7. Hard Love
8. Said & Done
9. Underway
10. If You Please
12. Doc Mode

Músicos:
Danny Methric: Guitar, Lead Vocals, Percussion
Tony DeNardo: Fender Rhoder Bass, Vocals, Percussion
Matt Rost: Drums
Bobby Emmett III: Organ (Hammond) on Hard Love


[MU] [88MB @256kbps]



The Muggs (2008) On With The Show

Faixas:
1. Motown Blues
2. Slow Curve
3. Just Another Fool
4. All Around You
5. On With The Show
6. Somewhere Down The Line
7. Curbside Constellation Blues
8. Down Below
9. Never Know Why
10. Get It On
11. Motown Blues (Reprise)

Músicos:
Danny Methric: Guitar, Lead Vocals
Tony DeNardo: Fender Rhodes Bass, Backing Vox
Matt Rost: Drums
Bobby Emmett III: Piano on Curbside Constellation Blues


[MU] [63MB @256kbps]

Para não quebrar a escrita, acompanha o post a história dos Muggs, contada pelas pessoas mais autorizadas a fazê-lo: os próprios membros da banda. Pois é, a biografia do grupo foi extraída do site dos caras, www.themuggs.com (cujo título, curiosamente, é: a banda mais feiosa do mundo; bom, se é a mais feiosa eu não sei, mas que o seu som não tem nada de feio, isso eu asseguro); logo, em princípio, não deve conter erros históricos, só de tradução, com toda certeza, pois vertida livremente do inglês. Eu recomendo que o leiam, até porque contém uma história bacana de superação do baixista da banda, que sofreu um derrame e... mas afastem a preguiça e acessem a biografia dos Muggs (clicando no botão correspondente), para saber o que aconteceu com o cara (e a solução engenhosa que ele encontrou para continuar tocando as linhas de baixo na banda) e outras coisas interessantes da carreira do grupo.

Dito isso, acrescento: que eu gosto do som da banda, parece tão óbvio (o Nelson Rodrigues o chamaria até de ululante) quanto 2 e 2 são... 22, ou tão evidente quanto a decantada caretice do... Keith Richards (falando na figura e divagando um pouco: pô, o maluco aspirou as cinzas do velho! Pqp! Se houvesse um Guiness Book da esquisitice, certamente a insólita “proeza” do guitarrista dos Stones ganharia um merecido destaque, talvez na categoria “cheiradas” ou mesmo em “viagens”...). Mas acho melhor parar por aqui. Poderia dizer que a banda é isso ou aquilo, que foi estimulada pela música de A, B ou C (ou que lembra A, B ou C), que faz uma sonzeira ou um som matador, irado, chapante (essas expressões tão caras à nova geração rockeira do Brasil, embora de uso ainda pouco disseminado, infelizmente), mas prefiro ficar quieto. Porque as coisas que se diz acabam, de uma maneira ou outra, mesmo sem querer, induzindo o ouvinte a portar-se, geralmente, de maneira inversamente proporcional ao estímulo gerado por aquilo que foi dito (como o ser humano tem tendência à polêmica – e não estou afirmando que isso é ruim; é apenas uma constatação –, se tu diz que os caras são ótimos, o ouvinte vai escutá-los pronto pra achar um defeito (“são mais ou menos; o baterista fica devendo...”; “é, são bons, mas...”); se tu diz que o grupo lembra a banda tal, o ouvinte vai escutá-lo predisposto a detonar a tua comparação (“acho que não tem muito a ver com a banda tal; me lembra mesmo é aquela outra banda; qual é o nome mesmo? Começa com k...); se tu diz que a banda pertence ao gênero hard rock, o ouvinte vai escutá-la preparado para esculhambar com a tua classificação (“o som dos caras até new wave é... peraí, ouvindo melhor, tá mais é pra new age...”); se tu diz que os riffs de guitarra são pesados ou a linha do baixo é jazzística, lá vai o ouvinte louco pra te desdizer (“nem reparei que tinha guitarra; ouvi só som de teclado...”; “que gozado, não tem contrabaixo, parece o White Stripes...), e assim por diante; é um impulso instintivo de contestação, traduzido na velha expressão: “se hay gobierno, soy contra”). Então, vou deixar os ouvintes escutarem os Muggs e tirarem as suas próprias conclusões, sem influenciá-los (mas que o som dos caras é f*, do c*, um p* som, ah, isso é. O quê? Estou me contradizendo? Que nada, meu amigo, não estou elogiando a banda; estou apontando fatos; e fatos não se discutem.... se aceitam; é ou não é?).

Brincadeiras à parte (e como deixar o senso de humor de lado diante das asneiras sem graça que nos empurram goela abaixo todo o santo dia? É, não se pode negar: o FEBEAPÁ do saudoso e inimitável Stanislaw Ponte Preta continua atualíssimo; a propósito, escutem (imaginem que tem áudio) três piadinhas, do gênero adivinhação, entreouvidas numa mesa de bar, e que ilustram o que estou afirmando:

– Sabe quem ganhou o Nobel da Paz deste ano?
– Não. Quem?
– O Obama...

– Ah! Ah! Ah! Essa foi boa (eu falando agora: dizem que no Iraque e no Afeganistão, dois países “protegidos” pelos americanos, a soldadesca ianque comemorou o prêmio com uma saraivada de balas; mas ninguém soube afirmar se os tiros foram pra cima...). Tem outra?

– Sim. Essa é quente. Adivinha quem garantiu que vai moralizar o Senado, acabando com os atos secretos, as mordomias, o nepotismo, a farra das diárias, a roubalheira, enfim?
– Nem faço idéia. Quem?
– O Sarney...

– Ah! Ah! Ah! Para com isso, assim vou ter um troço.

– A última. Pensa bem. O que acontece com um advogado, no Brasil, que roda em dois concursos pra juiz e ainda por cima é condenado por corrupção?
– Bah! Essa eu não sei mesmo. O quê?
– É nomeado ministro do STF...

– Ah! Ah! Ah! Hoje tu tá demais. Tô com dor na barriga de tanto rir. Acho melhor a gente pedir outra... pra esquecer...

Mas, como eu ia dizendo, antes que as engraçadíssimas anedotas me interrompessem, brincadeiras à parte, ouçam o som dos Muggs; é pesado, porém seus ouvidos irão lhes agradecer (ah, e não contestem os fatos...).


Os Muggs formaram-se em fevereiro de 2000. O guitarrista Danny Methric e o baixista Tony DeNardo tocavam em duas bandas naquele tempo: The Detroit Underground Blues Band e Fat Belly Brown. Certo dia, Danny estava zanzando no Music Menu, no centro de Detroit, quando se deparou com Matt Rost, um baterista local que tinha tocado na Fat Belly Brown por duas semanas antes de sair da banda porque achava que estava trabalhando muito. Começaram a conversar e Danny descobriu que Matt tinha abandonado seu projeto, chamado The Immortal Winos Of Soul. Danny então falou que estava pensando em fazer algo diferente daquilo que fazia na Fat Belly Brown, um som mais blueseiro, e Matt mostrou-se interessado.
Não demorou muito para a banda se encaixar porque os três já eram músicos há pelo menos sete anos (nota minha (como sempre...): os americanos, ou são muito pragmáticos, ou acham que todo mundo tem bola de cristal: no parágrafo acima, Danny e Matt estavam apenas planejando formar uma banda; neste parágrafo, sem mais nem menos, a banda não só já está composta como também já está ajustada... e no meio, não vai nada?). DeNardo e Methric sempre tocaram juntos e Rost era um baterista consumado. Em outubro de 2000, os Muggs gravaram seu primeiro EP, obtendo assim material para mostrarem aos donos de bar visando a conseguirem trabalho. As músicas eram boas o suficiente para o dinheiro que gastamos, mas é preciso ter em mente que se tratava de demos, diz Tony.
Em março de 2001, os Muggs foram convidados para tocar no Hamtramck Blowout, um festival de música que concentra centenas de bandas de Detroit em cerca de vinte bares diferentes na cidade de Hamtramck, naquele estado. Este show, apresentado no Paychecks para uma casa lotada, ajudou a solidificar o grupo na cena musical de Detroit. De março até setembro de 2001, os Muggs continuaram a sua senda de apresentações, ganhando uma sólida legião de fãs. Em agosto de 2001, eles foram convidados a fazer o derradeiro show no famoso Gold Dollar antes do estabelecimento fechar as portas. Neil Yee, o proprietário do Gold Dollar, pediu aos Muggs para tocar ali com a finalidade de vender os seus produtos importados remanescentes. A banda aceitou o convite e tocou para aproximadamente sessenta convidados. Em 2 de setembro de 2001, os Muggs fizeram um show de alta energia numa barraca montada ao ar livre no Cadieux Café's Mussel Beach Music Festival. Eles não sabiam que esse seria seu último show por algum tempo.
No dia 4 de setembro de 2001, uma terça-feira, o baixista Tony DeNardo sofreu um acidente vascular cerebral que quase o matou. Ele ficou com o lado direito do corpo completamente paralisado e incapaz de falar. DeNardo sobreviveu ao derrame mas ficou com sequelas.
Não desejando substituir DeNardo, Danny e Matt decidiram envolver-se em diferentes bandas e projetos enquanto Tony se recuperava. Methric encabeçou um projeto chamado Over Under Sideways Down (nomeado mais tarde de canção dos Yardbirds), tocando com o baterista dos Muggs, Rost, e outros três músicos promissores da cena de Detroit: Brett Lucas, jovem guitarrista e bluesman, Ross Westerbur, da 500 Ft. Of Pipe Fame, no piano, e Chuck Bartels, um lendário baixista do lugar. Danny também tocou com a The Kingsnakes por aproximadamente seis meses até a The Go convidá-lo para juntar-se à banda e gravar um disco com ela. A participação de Danny na The Go foi curta porque a The Paybacks estava procurando um guitarrista solo e Methric parecia perfeito para o posto. Matt Rost também participou de outras bandas, incluindo Colic e alguns conjuntos de jazz.
Em 8 de dezembro de 2002 houve uma arrecadação de fundos no Cadieux Café (no lado leste de Detroit), com o objetivo de levantar dinheiro para DeNardo ir até a Califórnia, visando a submeter-se a um tratamento médico que ele acreditava poder acelerar a sua recuperação. Aquela noite foi mágica; todo mundo apareceu, incluindo as bandas favoritas de DeNardo em Detroit, que incluíam Mod Orange, Stunning Amazon (com Audra Kubat), Blue Song, Climax Divine, Over Under Sideways Downs e muitas outras. O lugar estava cheio de pessoas generosas, e um leilão de discos dos artistas locais foi providenciado, com o dinheiro obtido sendo doado para o evento.
Pouco tempo depois, foram realizadas mais duas arrecadações de fundos para DeNardo, uma em Jacoby, no centro de Detroit, e outra em Nancy Whiskey's, no bairro Corktown, também em Detroit. Ele agora tinha dinheiro suficiente para deslocar-se até o sul da Califórnia, onde ficou com o seu pai, Frank, submetendo-se a sessões diárias de fisioterapia. De janeiro a junho de 2003, Tony trabalhou duro e manteve estreito contato com Methric. Em fevereiro de 2003, um amigo dos Muggs, Matt Smith, da banda Outrageous Cherry, falou para Tony que ele poderia, se quisesse, tocar suas linhas de baixo num piano. Depois de uma conversa com o velho amigo Danny, Tony decidiu tentar isso.
Tony comprou um Fender Rhodes Mark I para executar as linhas de baixo que ele costumava tocar em seu contrabaixo. Após praticar por duas ou três horas diárias, durante meses, DeNardo voltou para Detroit, ainda incapaz de usar seu braço direito, mas pronto para começar a ensaiar, já com o seu novo instrumento. Depois de um mês de ensaio juntos, os Muggs voltaram ao Cadieux Café, quase dois anos após a sua última performance, para apresentar o seu show de retorno no Cadieux Café's Mussel Beach Party de 2003.
Desde então não houve mais nada além de bonança e boa música, exatamente como ocorria até os Muggs pararem por conta do derrame de DeNardo. Eles assinaram contrato com o selo independente Times Beach Records em agosto de 2004, e, em 19 de julho de 2005, lançaram em âmbito nacional o seu primeiro disco, homônimo, distribuído também no estrangeiro. Em seguida, três canções do álbum, “Need Ya Baby”, “Gonna Need My Help” e “Rollin' B-Side Blues”, tornaram-se a trilha sonora do website do Dodge Charger em 2006 e 2007. E logo depois, os Muggs foram contatados pelo site www.canyouhearme.tv, dedicado a descobrir as melhores bandas alternativas da América, porque foram um dos três grupos selecionados em Detroit para participarem de um “rockmentary” (um documentário de rock). Imagens da sua atuação no Magic Stick, ocorrida em 24 de agosto de 2005, no centro de Detroit, foram usadas, bem como numerosas entrevistas da banda e outras coisas. Em janeiro de 2007, esse documentário dos Muggs foi ao ar na PBS (no Michigan e em todo o Canadá) como parte do programa Can You Hear Me TV's “Rock n' Roll Safari”! Na mesma época, os Muggs iniciaram uma turnê pela Espanha, fazendo oito shows em oito diferentes cidades. Na sua volta aos Estados Unidos, fãs votaram nos Muggs como o melhor grupo de blues de 2007, em promoção realizada pelo semanário Real Detroit Weekly.
Em junho de 2007, depois de uma dica de um admirador antigo, os Muggs inscreveram-se para participar de uma nova série da Fox, chamada “The Nex Great American Band”, programada para começar em outubro de 2007. Eles foram levados para uma audição no deserto de Nevada em agosto de 2007, e acabaram incluídos entre as doze bandas selecionadas pelos juízes, de um total de mais de 10.000 candidatos, o que lhes garantiu um lugar no programa. Exibiram seu talento durante quatro apresentações da série, até que acabaram excluídos por votação. Nos shows, tocaram duas composições suas, “Slow Curve” e “Should've Learned My Lesson”, e duas covers, tendo adquirido bastante experiência ficando fora da costa oeste e participando do programa.
Em seqüência à sua exposição em rede nacional de televisão, os Muggs ganharam da Riff2 (rádio local de WRIF), em fevereiro de 2008, o prêmio de melhor banda de 2007, e mais uma vez se uniram à Dodge para o lançamento de um disco promocional, chamado “Out Of Detroit & Into Dodge”. A música “Need Ya Baby”, do seu primeiro álbum, foi a música selecionada pela Dodge para a coletânea. Cem mil CDs foram confeccionados para encaminhamento à Europa e às concessionárias Dodge (outra nota minha: o texto não diz, mas a remessa dos CDs à Europa também tinham como destinatárias as concessionárias da Dodge, conforme se vê a seguir). Sortudos, os compradores europeus dos novos carros da Dodge ganharam o CD como bônus! Então, mais notícias boas para os Muggs: na edição 2008 do Detroit Music Awards, a banda ganhou o prêmio de melhor grupo de rock, e Danny Methric o de melhor músico de rock por sua atuação como guitarrista.
Em 9 de maio de 2008, os Muggs lançaram o seu segundo álbum, intitulado “On With The Show”, que recebeu excelentes resenhas em múltiplas publicações e websites especializados em rock, inclusive uma recensão nota 8 (de 0 a 10) na edição de agosto de 2008 da revista Classic Rock. A banda apreciou fazer os shows de abertura para as apresentações de incontáveis grupos clássicos de rock e artistas nacionais, tais como Mountain, Robin Trower, Cactus, Savoy Brown, Ten Years After, Glenn Hughes (do Deep Purple e do Black Sabbath), Johnny Lang, Candlebox, North Mississippi Allstars, The Verve Pipe, Electric Six e The Detroit Cobras. Sua popularidade continua a crescer, conforme mostram a lista “100 Hot Unsigned Bands”, contida na Music Connection de dezembro de 2008, e seus mais de 60.000 fãs no site da banda no myspace.

3 comentários:

Dirty Harry disse...

Ae Ser,

Fiz recentemente um saque aqui no blog do The Muggs: é mto bom hein... Sonzeira da boa! hehe. Rockão dos 70 como vc escreveu no texto do post.
Obrigado pelo post!

KEEP ON ROCKIN'G IN THE FREE WORLD

Ser da Noite disse...

Sem dúvida nenhuma, Dirty.
Divirta-se.
[]s

Marco A disse...

Sonzão mesmo!Faz bem à saúde! Pincei um e já tô pinçando o outro. Obrigado!