quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Lyres - Anthology, by Yerblues


Talking about rock & roll... uma vez, uns 15 anos atrás, num papo na velha Lama, eu tava falando de Cars, Banda que eu tava ouvindo muito na época... e daí um caroneiro de papo sacou lá a sua frase de efeito: em Boston nunca teve rock de verdade!... rock de verdade!?!? Huauhauha... e quem disse que eu quero rock de verdade???? Rock é a maior e melhor mentira que já se contou, porra! Tá bom, eu pensei, mas não respondi isso pro cara, afinal, iria adiantar alguma coisa? Deixei ele ter seu momento de glória, passando atestado de estupidez... Mas ainda hoje, eu me lembro dessa estória de Boston... é uma grande sacanagem com a cidade, que é ultra-conservadora, tudo bem, mas e daí? Alguém se lembra que o Rock despontou lá por Memphis e por outras cidades e estados do chamado bible belt? Bom, eu não conheço lugar mais conservador e preconceituoso que aquele... voltando a Boston, é mesmo uma grande estupidez dizer que a cidade era o túmulo do rock (parafraseando Vinícius em sua definição de São Paulo como o túmulo do samba). De cara a gente cita Aerosmith (hmmm), Boston (ok), Cars (yeah), Mission of Burma (ok), The Del Fuegos (woo-hoo), The Mordern Lovers (greeaat), The Real Kids (Godammit!), The J. Geils Band (10 out of 10), e, é claro, a minha garage rock revival band of all times, The Lyres, ou simplesmente Lyres...

Galera, eu sei que tem um monte de gente que torce o nariz pro chamado garage rock, e até entendo as razões pra essa reação. A gente cresceu ao som de Beatles, Stones, Led Zeppelin, Deep Purple e outros mestres, instrumentistas do mais alto gabarito, senhores absolutos do seu domínio, então ouvir aqueles teens amadores massacrando os instrumentos e aqueles vocais ensandecidos não é mesmo fácil. Beleza. Mas a gente também não pode se encastelar, se fechar pra o que rola na periferia do rock, sob pena de perder as grandes pequenas coisas que esse gênero produz vez por outra. E esse é exatamente o caso dos Lyres.

Jeff Monoman Conolly nunca teve outra meta senão fazer música retrô. Colecionador obsessivo de ‘60s garage rock records, Conolly só queria manter aquele som primal, perigoso, venenoso, ensandecido, hipnotizante vivo... Aquilo era para ele a matéria-prima de todo e qualquer rock... Ele nunca ligou pra originalidade. E nem poderia, um cara que mandava ver num relicário órgão Vox Continental - aquele mesmo que o Ray Manzareck tocava - em plenos anos 80 (em que todo mundo pilotava os synths mais modernos – e muuuuuito mais chatos!), desfilando e reprocessando toda a enciclopédia de riffs tirados dos livrinhos de Roky Erickson, Dave Davies, Pete Townshend, Paul Revere & The Raiders, The Kingsmen, The Seeds e toda a galera garage pré-1966... isso não é exatamente o que se poderia chamar genuíno, né não?

Mas que ninguém se engane, há muito mais na foto do que capta o olho à primeira vista. Conolly é um compositor de mão cheia e suas canções se encaixam no canon do gênero com perfeição quase megalomaníaca, e embora o som dos caras seja muito mais estilo que melodia, não custa você se pegar assobiando I Love Her Still, I Always Will distraído.

Pois é, com tudo isso mantendo o racional ocupado, quando o córtex é atingido pelo riff reverberado e massacrante da Danelektro em Jagged Time Lapse... man, você sabe que tá enbarcando numa viagem... and a good one at that... eu falei só do Conolly, porque ele é o único membro da Banda que permanece da formação original, mas os caras tocam pra cacete, com tanta convicção, que vez por outra você se pega pensando: realmente originalidade é um item superestimado no rock... e aproveitando esse gancho (como eu não tô mais com saco pra falar nada), copio a frase final do Allmusic no overview sobre a Banda: enquanto Jeff Conolly tiver seu Vox, uns caras pra tocar junto e um lugar pra se apresentar, o simples prazer que só se alcança através do rock & roll continuará existindo...”



Disco 1

01 - Jagged Time Lapse (1988)
02 - Soapy (1984)
03 - How Could Have I Done All These Things (1984)
04 - Buried Alive (1981)
05 - Dolly (1984)
06 - No Reasons To Complain (1986)
07 - Nobody (1993)
08 - High On Yourself (1981)
09 - Stormy (1986)
10 - She's Got Eyes That Tell Lies (1988)
11 - Teach Me To Forget You (1986)
12 - Not Like The Other One (1984)
13 - Someone Who'll Treat You Right Now (1984)
14 - Touch (Wally Tax & Lyres) (Live) (1988)
15 - Stoned (1993).
16 - Sick And Tired (1988)
17 - What A Girl Can't Do (1981).
18 - Not Looking Back (1986)
19 - I Confess (1984).
20 - You'll Never Do It Baby (1986)

Disco 2

01 - Don't Give It Up Now (1984)
02 - Love Me Till The Sun Shines (1984)
03 - The Way I Feel About You (1984)
04 - You Won't Be Sad Anymore (1986)
05 - Baby (I Still Need Your Lovin') (1993)
06 - Here's A Heart (& Stiv Bators) (1988)
07 - Knock My Socks Off (1988)
08 - But If You're Happy (1993)
09 - Help You An (1984)
10 - I'll Try Anyway (1984)
11 - How Can I Make Her Mine (1994)
12 - Busy Body (1994)
13 - Boston (1993)
14 - In Motion (1981)
15 - She Pays The Rent (1984)
16 - Swing Shift (1984)
17 - Feel Good (1988)
18 - I Love Her Still, I Always Will (1986)
19 - Stacey (1986)
20 - On Fyre (1988)
21 - Trying Just To Please You (1988)




CD 1





CD 2

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