Radio Yer, eight miles high on your dial, entrando no ar pra mais uma transmissão espetacular... e mais uma vez a Soul Music dominará a freqüência, desta vez com ninguém menos que a própria Lady Soul, Ms. Aretha Franklin... Aretha não é uma simples cantora ou intérprete, ela é uma força da natureza, capaz de fazer chover ou ensolarar a vida de qualquer um que tenha o privilégio de sentir sua voz, um instrumento quase cirúrgico, criado e burilado com um único propósito: emocionar... na minha humilde opinião, ela é simplesmente a dona do gogó mais abençoado que já passou por este planeta... bah, Yer, você tá ficando cheio de redundâncias e pleonasmos... é, eu sei, mas é quase impossível fugir à esta regra maldita quando se fala de Aretha, porque a mulher... meu, essa mulher é o troço mais sensacional que já apareceu na música popular, pombas.... e eu tô incluindo aí desde as musas do Jazz – gênias como Sarah Vaughan, Ella Fitzgerald, Billie Holliday, Nina Simone -, passando pelas musas do Blues – Etta James, Dinah Washington -, e chegando na nossa praia, o Rock – com Janis, Maggie Bell, Bonnie Bramlett e tantas outras excepcionais... Aretha, de alguma forma misteriosa, supera a todas. E supera com tal majestade que soa até covardia com as demais.... mas aí entram outros fatores também, Aretha foi um ícone libertário para as mulheres afro-americanas dos anos 60, a ponta-de-lança de uma geração reprimida que berrava hinos instantâneos como Respect e Think com poder suficiente para chacoalhar as orelhas dos mais convenientemente ensurdecidos cidadãos... Uma só pessoa praticamente redefinindo o papel da mulher negra na sociedade norte-americana apenas com a força de seu gogó e de sua arte??? Tá pensando que isso é pouco, mermão? Tinha de ser bagulho muuuuito concentrado... e vocês vão ter a oportunidade de constatar exatamente isso, Aretha, ao vivo, em Paris, no auge de seu poderio, 1968, passando por cima dos ooo-la-la boys & girls com a delicadeza de um rolo compressor... falando um pouquinho só desse disco, o curioso é que o Allmusic Guide tem um review completamente negativo sobre a performance de Aretha e dos músicos que a acompanhavam na turnê, chegando mesmo a afirmar que o próprio Jerry Wexler - produtor das obras-primas de Aretha na Atlantic - achava essa gravação um verdadeiro embaraço na carreira da cantora... eu não sei em que planeta esses caras vivem, mas no que me diz respeito, esse show não fica muito atrás do badalado Aretha Live At The Fillmore West.... primeiro, a gente tem o setlist, o show de Paris pega Aretha no estágio inicial de seu megaestrelato, privilegiando as canções de seus três primeiros (e melhores) discos na Atlantic; e segundo, a performance de Aretha, muito mais raçuda, largada e visceral do que a de 2 anos depois no Fillmore... a banda comete erros na performance? Claro que sim, algumas desafinadas-monstro do naipe de metais, por exemplo... Mas até isso Aretha supera com sua presença de palco e gogó abençoados... fica claro que a performance da banda não está à altura de Aretha, mas isso em nada retira o poder ou a qualidade da apresentação; ao contrário, só adiciona o elemento essencial em qualquer apresentação artística (em especial às apresentações de artistas que se dizem soul): alma! Ouvir - e sentir - esse show imperfeito de Aretha é uma verdadeira benção nestes tempos em que a soul music praticamente desapareceu, restando um híbrido de R&B com rap absolutamente insípido, com tipos como Beyoncé aparecendo demais e cantando de menos... Lord have mercy on my soul, gimme some Aretha!!!!
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