quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Chris Stills - 100 Year Thing

O que fazer no carnaval, se você não é um aficionado nas folias de Momo e nem tem grana - nem saco - pra ir pra Búzios, Cabo Frio ou até mesmo Guarapari? Ficar nas cidades abandonadas, aproveitar a paz, ler e ouvir bons discos é uma boa sugestão. Nessas horas é que vejo o quanto a quietude é um item indispensável para a minha qualidade de vida. De dentro da minha gaiola, até passarinho escutei, vejam só, huauha. Ruminações de um quarentão à parte, nesse feriadão, dei um tempo nas mp3 e castiguei o player com alguns bons e velhos CD's. E redescobri essa pequena pérola, que não ouvia há pelo menos uns sete anos. Comigo é assim, existem discos que eu coloco pra rolar e imediatamente entram na corrente sanguínea; e tem aqueles outros que precisam de um certo tempo pra maturar nos meus poucos neurônios... este disco do Chris Stills faz parte dessa última categoria. Não que o disco seja ruim, insípido, ou qualquer adjetivo na mesma linha... Longe disso. O lance é que essa estréia do Chris lembra em muito o trabalho de seu pai, Stephen, aquele mesmo que, além de uma carreira-solo respeitabilíssima, um dia formou com David, Grahan & Neil, um dos primeiros supergrupos da história do rock, o Crosby, Stills, Nash & Young. E aí, sabe como é, a primeira impressão que fica é sempre aquela do ah, já ouvi isso, o que inevitavelmente leva a gente a não dedicar ao disco toda atenção que ele merece. É uma benção meio maldita essa, a de ser filho de famoso. O trabalho do Jacob Dylan e do Jeff Buckley sofreram a mesma coisa. Mas, como dito, passados quase 10 anos, reouvir esse disco me trouxe grande prazer. Já nos primeiros acordes da guitarra acústica (quantos discos você escuta hoje - ou há dez anos atrás - que iniciam com simples acordes numa guitarra acústica, sem soar fake ou rehashs?) do Chris, dá pra perceber que o moleque manja do negócio. I mean, compor melodias instigantes e construir uma cama sonora que tire da canção até sua última gota de soul. Não constumo ficar falando de letras, mas elas também são bem legais, thought provoking stuff com toques opacos, temas quase sempre centrados na busca de uma identidade própria, resvalando aqui e ali na pretensão, o que é totalmente desculpável considerando de onde o moleque vem e tendo a idade que tinha quando fez o disco (22, 23 anos). O disco desce redondo nos ouvidos e suporta muito bem repetidas audições. Razorblades e Lucifer & Jane são alguns momentos que se destacam. A produção de Ethan Johns - filho do não menos famoso Glyn Johns - é simples e eficiente (Ethan toca quase tudo no disco, do Hammond B-3 passando por banjo, as partes do slide e até dulcimer), e o disco conta ainda com a participação de Jim Keltner, Josh LaBelle e Don Heffington nas bateras e percussão, mais Jason Hiller no baixo. Enfim, achei que valesse compartilhar com vocês esse disco que passou batido na época e ainda hoje continua largamente ignorado (nunca vi rolando na blogosfera, embora nunca tenha procurado, huauha). Espero que vocês curtam.





2 comentários:

ayresrio disse...

Bela resenha ,ótima postgem!!!!!
CAPRICHOU!!!

VALEU.

Sergej disse...

Link is dead.
Can you re-uplad Stills again?
Thank you.