terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Ao vivo no cenário (+ ou –) alternativo: Television, The Dream Syndicate e Big Star

O mais ou menos do título é porque, de fato, apenas a Dream Syndicate é considerada uma banda de rock alternativo; a Big Star é catalogada no allmusic como power pop e a Television, no mesmo site, é classificada (pasmem!) como punk... Ora, punk é a vovozinha! Que rótulo sobra, então, para a Sex Pistols (se se considerar que são os pioneiros no gênero, embora haja divergências, como todos sabem; mas não é hora de discutir o assunto) e seus seguidores? Fuck? Ou a corruptela punfuck? Confesso que eu tenho curiosidade de saber como são fabricadas as legendas que pespegam nos gêneros musicais. Quem as faz? A mando de quem? Quais critérios usam? Pra mim, tais carimbadores (seriam malucos, Raul Seixas? Pode psicografar a resposta, que eu conheço um pouco de mediunidade; cursei uma escola espírita e a cadeira era obrigatória na 2ª série; a única coisa que eu não faço certo é colocar a mão na testa, tipo viseira, para escrever as mensagens recebidas; é uma técnica que eu não domino muito bem; andei faltando algumas aulas, e às vezes não coloco a mão direito, o que atrapalha um pouco a recepção; mas manda lá, Raulzito, acho que, mesmo assim, consigo captar a tua mensagem) fazem parte daquela lista de pessoas anônimas e invisíveis, iguais, por exemplo, aos pesquisadores do Ibope (ia dizer políticos honestos; mas dá no mesmo): todo mundo sabe que existem, porém nunca ninguém os viu... ou ao menos viveu para contar; mas vamos deixar pra lá; não adianta mesmo; já está enraizado no mundo da música e não vai ser eu que vou desenraizar). Mas resolvi colocar a cambada toda no cesto alternativo, apenas pra diferenciar do som que costumeiramente é postado aqui.
Considero os três discos muito bons, mas, se tivesse que colocar um no pódio central, colocaria o da Television; é difícil ressaltar o que é melhor no álbum, se o áudio bem captado, se a jeitosa e harmônica dupla de guitarristas, se a esmerada coadjuvação do baixo e da bateria, se o bom repertório, ou, então, talvez seja preferível dizer, resumindo, que não há nada ruim no disco. Sem dúvida, vale a pena ouvi-lo. Aliás, quem já escutou o cult “Marquee Moon” (a Wikipedia o chama de revolucionário e, a meu juízo, com acerto), vai notar que a banda é ainda mais virtuosa ao vivo (punk? vai pra tonga da mironga do kabuletê... não tenho nada contra o gênero, que tem alguns representantes bastante audíveis, mas ainda não digeri o rótulo... pro Television, não genericamente).
Fugindo um pouco do allmusic (só um pouco mesmo, porque das fichas dos discos não consegui escapar... é como os rótulos... a gente renega aqui, abomina ali, maldiçoa acolá, mas sempre volta a usar; que sina!), as biografias das bandas foram tiradas do livro (na verdade, é um guia, um catálogo, patrocinado pela extinta revista Bizz) “Clássicos do Rock em CD, o guia definitivo”, edição 92/93, publicado pela Editora Azul em novembro de 1992.














Television (2003) Live At The Old Waldorf - San Francisco, 6/29/78


Músicas
:
1. The Dream’s Dream (Verlaine) 7:17
2. Venus (Verlaine) 3:47
3. Foxhole (Verlaine) 5:25
4. Careful (Verlaine) 3:20
5. Ain’t That Nothin’ (Verlaine) 6:48
6. Little Johnny Jewel (Verlaine) 11:51
7. Friction (Verlaine) 4:41
8. Marquee Moon (Verlaine) 14:10
9. (I Can’t Get No) Satisfaction (Jagger, Richards) 5:06
Músicos:
Tom Verlaine: Vocals, Guitar
Richard Lloyd: Guitar, Vocals
Billy Ficca: Drums
Fred Smith: Bass, Vocals


[FU] [141MB @320kbps]

O embrião do Television chamava-se Neon Boys. Atuando informalmente em Nova York durante os anos 73/74, o mesmo trazia Tom Verlaine (vocal e guitarra), Richard Lloyd (guitarra), Richard Hell (baixo) e Billy Fica (bateria). Com a saída de Hell e admissão de Fred Smith, o grupo – já rebatizado Television – tornou–se um dos habitués das noitadas do CBGBs.
O som do Television era peculiar. Por trás da trama eletrificada desenvolvida pelas guitarras de Lloy e Verlaine, percebiam-se influências que iam de Coltrane à Hendrix, do rock-garagem dos 13th Floor Elevator (vide a regravação em compacto de “Fire Engine”) ao folk cerebral de Dylan. Em 77 o grupo lançou sua obra definitiva: Marquee Moon. Numa época em que a brevidade das canções era evidência de estar dentro ou fora do “movimento”, Verlaine & Cia. convidavam ao transe, trespassando o inconsciente por meio de jams extra-longas e hipnóticas (vide a épica faixa-título, com mais de nova minutos de duração).
Antes de terminar abruptamente, em 78 o Television ainda conseguiu gravar mais um bom álbum, Adventure. Dos ex-integrantes, Verlaine foi o único a ter uma carreira solo consistente. Ao final de 91, boatos davam como certa a reformulação do grupo, o que se confirmou com um álbum homônimo lançado neste ano reunindo a formação original do grupo.














The Dream Syndicate (2004) The Complete Live At Raji’s (1988)


Músicas:
1. See That My Grave Is Kept Clean (Lewis) 4:53
2. Still Holding On To You (Wynn) 4:15
3. Forest For The Trees (Wynn) 4:25
4. Until Lately (Wynn) 7:09
5. That’s What You Always Say (Wynn) 4:47
6. When You Smile (Wynn) 3:44
7. Burn (Wynn) 5:52
8. All Along The Watchtower ( Dylan) 2:39
9. Tell Me When It’s Over (Wynn) 3:52
10. Merrittville (Wynn) 7:46
11. The Days Of Wine And Roses (Wynn) 8:22
12. The Medicine Show (Wynn) 8:51
13. Halloween (Precoda) 6:55
14. Boston (Wynn) 7:35
15. John Coltrane Stereo Blues (Mehaffey, Precoda, Provost, Smith, Wynn) 12:11
Músicos:
Steve Wynn: Guitar, Vocals
Paul B. Cutler: Guitar, Vocals
Dennis Duck: Drums
Mark Walton: Bass, Vocals
Peter Case: Harmonica


Primeira parte
[FU] [123MB @320kbps]



Segunda parte
[FU] [88MB @320kbps]


O nome, um dos primeiros adotados pelo Velvet Underground, já denunciava suas intenções. Revisitando a psicodelia dos anos 60 – notadamente o Pink Floyd da era Syd Barret –, este grupo de Los Angeles liderado pelo vocalista/guitarrista Steve Wynn tornou-se um importante ponto de referência para várias bandas que seguiram a mesma linha musical na Costa Oeste. Encerrou suas atividades em 89, sendo que Wynn partiu em carreira solo. A baixista Kendra Smith passou a se dedicar ao Opal (grupo no qual já trabalhava paralelamente ao Dream Syndicate), junto ao guitarrista David Roback (ex-Rain Parade) e o baterista Keith Mitchell.














Big Star (1993) Columbia: Live At Missouri University


Músicas:
1. In The Street (Bell, Chilton) 3:07
2. Don’t Lie To Me (Bell, Chilton) 3:23
3. When My Baby’s Beside Me (Bell, Chilton) 3:26
4. I Am The Cosmos (Bell) 4:12
5. The Ballad Of El Goodo (Bell, Chilton) 4:28
6. Back Of A Car (Chilton, Hummell) 2:53
7. Way Out West ( Hummell) 2:53
8. Daisy Glaze (Chilton, Hummell, Stephens) 3:35
9. Baby Strange (Bolan) 4:01
10. For You (Stephens) 3:04
11. Feel (Bell, Chilton) 3:34
12. September Gurls (Chilton) 3:00
13. Thank You Friends ( Chilton) 3:17
14. Slut (Rundgren) 3:41
Músicos:
Alex Chilton: Lead Vocals, Guitar
Jonathan Auer: Guitar, Backin Vocals, Lead Vocals on “I Am The Cosmos”
Jody Stephens: Drums, Lead Vocals on “Way Out West” and “For You”, Backing Vocals on “Slut”
Ken Stringfellow: Bass, Backing Vocals, Lead Vocals on “Back Of A Car”, “Daisy Glaze” and “Feel”


[FU] [119MB @320kbps]

Após a dissolução dos Box Tops em 70, o cantor e compositor Alex Chilton formou a Big Star. Além dele, a formação original trazia Chris Bell (guitarra e vocal), Andy Hummel (baixo) e Jody Stephens (bateria).
Embora jamais tenha feito sucesso, o Big Star entrou para a história graças a um som peculiar, que a um só tempo sumariza o que Beatles, Kinks, Byrds e Who haviam criado nos anos 60. # 1 Record, álbum que marcou seu début pelo selo Ardent, é tido como a gravação definitiva do quarteto, embora Radio City e Third Album também sejam excelentes.
Com o final do grupo, Alex Chilton partiu para a carreira solo.

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