Estão aqui três bandas contemporâneas (desconhecidas por mim até bem pouco tempo atrás, devo admitir) que eu considero genuínas (e boas) representantes do hard rock, um gênero que tem servido de abrigo pra muita gente cujo som não o caracteriza ou no máximo o tangencia. A propósito, sempre é bom lembrar a advertência constante na Wikipedia: “O termo hard rock costuma ser usado atualmente para definir aquelas bandas de rock que tinham ou têm um som muito pesado e veloz para serem identificadas simplesmente como rock and roll, mas que também não têm ou não tinham um som tão pesado assim para serem identificadas como heavy metal. O termo é associado erroneamente a diversos estilos do rock, ou até mesmo do heavy metal, que têm como aspecto comum apenas estarem igualmente distantes do pop rock – embora esta associação não seja correta. Alguns exemplos disto são o punk rock, que usa tempos mais rápido, menos melodia, menos riffs e letras mais agressivas do que o hard rock, e o grunge”.
Dito isso, às bandas. São todas adeptas do hard rock clássico (até as capas feias, características de muitos discos bons – e ruins também; não vamos discriminar – de hard rock, estão aqui bem representadas pela capa-calamidade do álbum da Golden Gods; feia até o último pedaço.... se bem que a capa do álbum da Dirty Pearls também não fica muito atrás: colocam um colar de pérolas reluzentes – e, daquele tamanho, só podem ser falsas – num bonito pescoço feminino para ilustrar... pérolas sujas! Quem é que entende? Só se salva mesmo a capa do disco da Shame Club; mas aí é o nome da banda que é de doer... Clube Da Vergonha? Ou Cacete Envergonhado? Sei lá; pensando bem, acho que o hard rock está meio associado à feiúra, ou, no mínimo, ao mau gosto; talvez seja da sua gênese; aliás, o seu primo mais novo, o heavy metal, também padece do mesmo desarranjo); nenhuma do trio faz concessões (baladinhas melosas nos seus discos, pra encher morcilha e, geralmente, o saco dos ouvintes, nem com banda – com o perdão do trocadilho; por falar nisso, tem um disco, de 1980, da The Rockets, uma banda de hard rock de Detroit, que eu recomendo (http://www.myspace.com/therocketsusa), cujo título é uma troça à velha praxe: “No Ballads”... Bang! Na mosca!): seu som é cru, com direito a todos os clichês do gênero (e da linguagem...): refrões grudentos, riffs certeiros, cozinha nervosa, solos afiados (nas horas certas, curtos e sem muito virtuosismo), sem falar que possuem bons cantores, adaptados ao estilo, o que pra mim já é meio caminho andado; banda de hard rock (que não seja instrumental, obviamente), TEM que ter um bom cantor(a), senão a maionese desanda; e não adianta forçar: se a voz do(a) vocalista não se encaixa no gênero, é melhor desistir... ou então substituí-lo(a), que sai mais barato, a não ser que o cantor(a) seja o(a) dono(a) da bola, digo, da banda; aí dá chabu; periga é o resto ser trocado....
Era isso. Play it loud...
Shame Club (2004) Vol.[FU] [46MB @320kbps]Eduardo Rivadava escreveu a minibiografia da banda para o site allmusic, que segue abaixo em tradução livre do inglês.
A banda de hard rock Shame Club, de St. Louis, Missouri, foi formada em 2000 pelo vocalista e guitarrista Jon Lumley, mas ficou estagnada até o seu segundo guitarrista, Andy White, e o baixista Eric Eyster se juntarem ao grupo um par de anos mais tarde, quando então a noção compartilhada de revisitar influências dos anos 70, como Thin Lizzy e Aerosmith, começou finalmente a dar frutos. Seu primeiro álbum, “Bad Idea Realized”, surgiu em 2003, e o segundo, “Vol.”, em 2004, mas não houve muitas cópias comercializadas, porque os discos eram essencialmente produções independentes, geralmente disponíveis apenas em shows da banda. Noutras palavras, as perspectivas da Shame Club não eram boas, mas quando o baterista McCray, uma fonte de influências, entrou na equipe, o novo e entrosado quarteto começou a trabalhar em seu terceiro álbum, “Come On”, que acabou editado pela Small Stone Records em 2008, depois de ter sido lançado, inicialmente, pela própria banda, no ano anterior.
The Golden Gods (2005) The Thorny Crown Of Rock And Roll[FU] [49MB @320kbps]A “biografia” (quem ler o texto entenderá as aspas) da banda, que segue, em versão livre do inglês, foi extraída da página da Golden Gods no MySpace (http://www.myspace.com/thegoldengods) – é esquisito isso, pois a banda, segundo salientado no texto, se dissolveu em 2007; por que manter então uma página no MySpace? Não faz sentido –, é de autor desconhecido e foi publicada no blog The Electric Boogie Show, informação que eu confirmei através do endereço http://electricboogieshow.blogspot.com/2008/05/golden-gods-thorny-crown-of-rock-and.html (quem acessar o blog, poderá ver três vídeos da banda; pra quem está em dúvida em baixar o disco, pode tirá-la assistindo os vídeos).
Esses caras são provavelmente a maior porra-louquice (comentário meu: a expressão “bitch-slap”, no original, é intraduzível; literalmente, significa tapa de puta, bofetada de cadela ou coisa parecida, mas não dá a conotação pretendida pelo autor, em inglês; a expressão que eu entendi que melhor se adapta ao contexto é a que está aí colocada; se alguém souber de outra melhor, é só dizer) que o rock and roll recebeu na última década (nota minha: o articulista é um tanto exagerado, convenhamos...). Simplificando, sua música é feroz. Simon Scott é um frontman maravilhoso, com sua bela voz e sua guitarra gemendo. Um dos melhores vocalistas que eu ouvi, eu diria. Eu penso que ele tem toneladas de potencial. E o resto da banda é, tecnicamente, da mesma maneira habilidoso. O gigante, Dan Trilik, agita o seu baixo num casaco de peles e não muito mais (nota minha: é que o cara toca com a pança de fora; quem assistir os vídeos, poderá notar a, digamos assim, protuberância abdominal do baixista a balançar ao ritmo do instrumento). Atrás, Richard Shelton Davis cadencia o ritmo funky. Juntos, o trio produz um som que lembra a Humble Pie, com a energia da Hellacopters.
Tenho a impressão de que esses caras sentiram que tinham algo a provar. Muitas pessoas julgam o revival dos anos 70 como nada mais do que um monte de bandas covers e bandas de bar pretendendo entreter um bando de bêbedos fora de si. A Golden Gods simplesmente mandou esse clichê para o espaço. A música do passado pode ser reverenciada e continuar a ser relevante para o presente.
O seu disco foi lançado em 2006 (observação minha: aqui há uma divergência; vários sites consultados – allmusic, amazon, itunes, apenas para exemplificar – consignam 2005 como o ano de lançamento do álbum), a banda se separou em 2007, e ainda estou chateado. Honestamente, o que há de errado com a gente? Deixamos esses caras escapulirem pelas frestas. Se vocês amam os grandiosos trabalhos de guitarra dos anos 70, o ritmo do Grand Funk e um hard rock fodão, então vocês precisam ter esse disco (comentário meu: estamos colaborando para isso...). Comprá-lo (observação minha: bem, aí já são outros quinhentos...). Agora. Eu garanto que vocês vão ter um belo chute nos dentes (comentário meu: pqp, agora ninguém vai baixar o disco... só os banguelas, que não têm nada a perder; mas os dentados ou os que usam dentaduras não precisam se preocupar, é só retórica; eu escutei o disco e não senti nada nos dentes... eu acho.... bom, quando for escová-los, verei) e amaldiçoarão os deuses que vocês veneram por terem permitido que a Golden Gods fechasse o seu templo para adoração (comentário meu: tenho o pressentimento de que o cara tomou um chá de cogumelo antes de redigir esse texto... ou fumou um Pineapple Express; quem viu o filme sabe do que estou falando). Preparem-se para balançar, pagãos.
The Dirty Pearls (2007) The Dirty Pearls[SB] [32MB @320kbps]Um pouco da história da banda, bastante parcial, segue adiante, em tradução livre do inglês, com o texto extraído da página da Dirty Pearls no facebook (endereço já mencionado no line-up).
Nova em folha, mas já um clássico, a Dirty Pearls vem direto das ruas de New York, com sexo, drogas e rock ‘n roll temerário entregues com riffs (comentário meu: a palavra “hook”, em inglês, pode significar, na música, tanto refrão como riff; preferi o último, por se adequar melhor ao adjetivo “sharp”) afiados, letras engenhosas e uma bravata deprimente, reminiscência das melhores bandas de rock dos anos 70. Fãs batizaram a banda de “Supergroup of East Village”, tanto pelo seu pedigree (sua formação inclui ex-membros de algumas das melhores e mais queridas bandas locais de NYC), quanto pelas suas constantemente esgotadas (na verdade, todos os shows feitos em NYC até agora) performances ao vivo.
A história da banda começa com o vocalista Tommy London, que, no início de 2006, partiu em busca de quatro bons rapazes, ansiosos para agitar um pouco o estilo roqueiro de NYC; quatro jovens interessados em ressuscitar a magia praticada pelos Ramones e a New York Dolls. O guitarrista Johnny B. e o baterista Marty E. chegaram primeiro, seguidos logo depois pelo guitarrista Tommy Mokas e o baixista Doug Wright. E a Dirty Pearls nasceu.
Seus shows ao vivo de alta energia farão seu coração martelar e seus pés pisarem forte, e se você não sair cantando uma canção da Dirty Pearls, então você nunca esteve realmente lá.
O verdadeiro rock n’ roll está de volta... agora apague esse sorriso do seu rosto (comentário meu: como assim? Quer dizer que é pra ficar triste com a “volta do verdadeiro rock n’ roll”? A recomendação é incompreensível...).
A postagem contou com a colaboração do Ser da Noite.